Morreu em São Paulo a atriz e diretora Miriam Muniz, aos 73 anos. Ela sofreu um acidente vascular cerebral na madrugada deste sábado. Atendida na Santa Casa, não resistiu e morreu, logo após dar entrada no hospital. O último personagem interpretado no cinema já seria o bastante para deixar qualquer atriz roxa de inveja. Em Nina, longa-metragem do pernambucano Heitor Dhalia lançado este ano, Myriam Muniz vive Eulália, uma velha e mesquinha senhora assumidamente inspirada na vítima tão velha e tão mesquinha de Crime e castigo, de Dostoiévski. Mas Myriam tinha em seu currículo outros trabalhos que a deixavam tão ou mais orgulhosa. A começar pela estréia profissional, em 1961, com José, do parto à sepultura, de Augusto Boal, no Teatro Oficina.
O primeiro prêmio não demorou a vir: em 1963, ela ganhou o prênio Governador do Estado, por sua atuação em O noviço. De lá para cá, tornou-se uma das damas do teatro paulista, tendo estado no elenco de peças como Fala baixo senão eu grito, Eva Perón e Porca miséria, que fez por 16 anos. E Myriam não se satisfez apenas em ser atriz, também quis ensinar o que havia aprendido. Em 1972, ao lado do seu primeiro marido, o também ator Sylvio Zilber, e do psicólogo Roberto Freire, a atriz fundou o Centro de Estudos Macunaíma, que se tornou uma das maiores escolas de teatro do País. E nunca parou de ensinar, a ponto de, em 1998, lançar o livro Giramundo – O percurso de uma atriz, organizado por Maria Thereza Vargas, como uma maneira de passar adiante o que havia aprendido. Uma estréia e tanto à frente do show-marco Falso brilhante, de Elis Regina. Também foi dela a direção do show Festa, com Nana Caymmi, Isaurinha Garcia e Rosinha de Valença.
No cinema, além de Nina, a atriz participou de três filmes de Ana Carolina (Mar de Rosas, Das tripas coração e Amélia). Em televisão, esteve nas minissérie Dona Flor e seus dois maridos e Os Maias, e na novela Nino, o italianinho.
Como a atriz nunca gostou de velórios, seus familiares cremaram seu corpo, no crematório de Vila Alpina.
