Encenada mais de 60 mil vezes em mais de 45 países, a peça "As mãos de Eurídice", de Pedro Bloch , o dramaturgo brasileiro mais traduzido e representado no exterior, será encenada nesta terça-feira, às 20h30, no Centro Cultural Gilberto Mayer, pelo ator e diretor paulista Jackson Paris. O evento tem o apoio da Prefeitura de Cascavel, através da Secretaria da Cultura.

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Em Cascavel, Jackson completa 1.597 apresentações. "A minha primeira apresentação foi no dia 06 de março de 1963", conta o ator, que há 43 anos percorre várias regiões do País com a peça. "As Mãos de Eurídice" é considerado o primeiro monólogo interpretado no Brasil. A estréia aconteceu no dia 13 de maio de 1950 em um pequeno auditório do Rio de Janeiro, interpretado pelo ator Rodolfo Mayer (1910-1985). O sucesso foi imediato e tão logo partiu para os palcos dos teatros mais famosos do país.

Só pra se ter uma idéia, "As mãos de Eurídice" foi levada aos palcos dos cinco continentes, teve temporada na Broadway (Booth Theatre em 1952) e foi representada mais de 3 mil vezes por Rodolfo Mayer. Segundo Paris, a peça foi traduzida para diversos idiomas e teve mais de 200 mil apresentações em todo o mundo. A montagem feita no Japão ficou oito anos em cartaz em um único teatro. Nos Estados Unidos, teve uma temporada de 11 anos na Broadway.

Foi exatamente o sucesso dessa peça, que fez com que o então jovem ator desejasse interpretar o monólogo de Bloch. "Eu comprei o livro, decorei a peça e comecei a ensaiar; isso já faz 43 anos". Jackson Paris é ator desde 1958. Ele dirige e atua na peça, e já fez outros 28 espetáculos.

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 O Monólogo

"As Mãos de Eurídice" é um drama existencial. Narra as desventuras do escritor Gumercindo Tavares que, por não encontrar ressonância em sua família, decide abandoná-la e fugir com a bela e ambiciosa jovem Eurídice. Os dois vão para Mar Del Plata, na Argentina. Ele a cobre de jóias e caros presentes. Ela, por sua vez, torra a fortuna do amante em cassinos e o leva à bancarrota. Gumercindo propõe vender as jóias para sair da ruína financeira. Eurídice nega. Depois de sete anos, Gumercindo, como um marido pródigo, retorna arrependido à sua família e a realidade lhe dá um tapa na cara. A ex-esposa tenta recomeçar a vida, apesar de um dos filhos do casal, Ricardinho, ter morrido de tuberculose. Não bastassem as tragédias, Eurídice reaparece e novamente o escritor pede-lhe as jóias de volta. Com a resposta negativa, Gumercindo mata a ex-amante e a partir desse momento, a história toma rumos inesperados.

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