Depois de passar por 50 cidades e apresentar o seu monólogo 242 ou 243 vezes (ele não lembra ao certo), o ator Charles Fricks volta a São Paulo para encenar O Filho Eterno, nesta quinta-feira, 28, às 20 h, no Anfiteatro da Bienal do Livro, no Anhembi.
A peça estreou no Rio em junho de 2011 – três anos depois, o ator continua a falar com paixão do monólogo que lhe rendeu diversos prêmios importantes, inclusive o Shell de melhor ator. Em uma conversa com o jornal O Estado de S.Paulo – para a qual ele interrompeu por alguns momentos a revisão do texto -, Fricks reafirma que gosta de interpretar esse texto exatamente por ele contar uma das histórias mais lindas que ele já viu.
A peça é um monólogo adaptado por Bruno Lara Resende do romance de Cristovão Tezza. Lançado em 2007, O Filho Eterno levou todos os prêmios literários do Brasil e alçou, definitiva e merecidamente, o autor ao panteão da melhor literatura nacional. O livro conta a história de um escritor brasileiro nos anos 1980 que se depara com o nascimento de um filho com síndrome de Down – condições do próprio Tezza.
Com direção de Daniel Herz, a peça dura aproximadamente 80 minutos, nos quais a plateia fica exposta diante do personagem interpretado por Fricks, que faz uma autoanálise profunda sem nunca esbarrar na autopiedade. “As pessoas ficam impressionadas com ele justamente porque vivemos em uma época em que o politicamente correto é muito valorizado, e o personagem se coloca de forma muito corajosa, fala exatamente o que está pensando, sem nenhum grau de censura”, diz Fricks, ressaltando que o politicamente correto deve ter espaço, mas essa atitude sincera do personagem atrai o público.
A Bienal do Livro ainda recebe outras duas peças de teatro ao longo da semana. No sábado, 30, às 13 h, Denise Stoklos apresenta sua leitura de Carta ao Pai, de Kafka, trazendo elementos da sociedade brasileira. No domingo, 31, às 20 h, encerramento da Bienal, será encenada A Hora Errada, peça com direção de Tomás Rezende e texto de Lourenço Mutarelli, sobre um casal que tem que lidar com uma nova ordem mundial numa sociedade distópica.