MON se adapta para receber arte do Japão

A partir de hoje Curitiba e seus cidadãos podem se considerar privilegiados. Após dez anos sem sair do Japão, a exposição Eternos tesouros do Japão, que faz parte do acervo do Museu de Arte Fugi de Tóquio, chega à cidade no que deve ser sua penúltima viagem. Ao todo são 119 obras, alguma inéditas, que remontam à história da civilização japonesa a partir do século XIII. A vinda da exposição faz parte dos esforços da diretora do Museu Oscar Niemeyer, Maristela Requião, e sua equipe, que idealizou o projeto já em 2005. A mostra será aberta ao público amanhã e fica até o dia 19 de novembro.

Uma das exigências feita pelo diretor do Museu Fugi, Mitsunari Noguchi, foi que fosse criado um espaço com a mesma condição climática de seu confinamento no Fugi. Segundo Nogushi, as peças são muito antigas e qualquer mudança pode comprometer um trabalho mais sensível, principalmente a luminosidade. O espaço do Olho, local escolhido para receber o acervo, passou por uma reforma com alterações estruturais; foram retirados os vidros internos, o reflexo externo do olho está oculto, o piso foi elevado em 15cm e foram colocados difusores.

Maristela Requião.

?O público vai perceber a versatilidade do Olho. Além disso, o ambiente interno foi escurecido, a temperatura mantida entre 18ºC e 22ºC e a umidade em 55%?, afirma a coordenadora da exposição em Curitiba, Ariadnei Mattei Manzi. Tudo isso para que um verdadeiro tesouro fosse aberto ao público que for ao MON. Com patrocínio do Banco do Brasil e Copel, o custo da exposição não chega a R$ 2 milhões de reais. Sobre o valor do seguro e das peças, a direção do MON e do Fugi preferiu não se pronunciar. Peças que remontam à era dos samurais e trabalhos folhados a ouro garantem que a exposição tem um valor inestimável.

?O que difere esta exposição de todas as outras já realizadas é seu espaço, o Olho. Geralmente expomos em lugares baixos e escuros, mas depois de conhecer o MON fiquei encantado com o que vi. Solicitei para Maristela e então definimos o local. Uma obra projetada por Oscar Niemeyer e essas peças criam um efeito extraordinário de harmonia e tenho consciência de que esta será a melhor exposição já realizada?, declara animado Noguchi.

Mitsunari Noguchi.

Entre os objetos estão pinturas em biombos (byoubu) que contam histórias de batalhas ou temas da natureza, pergaminhos suspensos que mostram a importante caligrafia do Japão, gravuras ukiyo, utensílios em laca, armaduras (uma delas de 250 anos), uma espada com 700 anos, todos matérias dos séculos 13, 16, 17, 18 e 19. Segundo o chefe dos curadores do Museu Fugi, Akira Gokita, estão expostas obras de diversos gêneros e a seleção incluiu as mais bonitas e brilhantes que o Museu Fugi possui, como os biombos, que representam a pintura das escolas japonesas.

Esta é a segunda vez que os Eternos tesouros do Japão são expostos no Brasil, um raro privilégio. Antes disto foi visto no Rio de Janeiro. As peças já estiveram em 17 países e foram vistas por aproximadamente 1 milhão de pessoas. A direção do Museu Fugi confirmou uma exposição em Varsóvia, na Polônia, daqui a três anos, e para depois está previsto que os tesouros não deixem mais o Japão.

Segundo Noguchi, as peças devem fazer suas últimas viagens porque cada vez que são montadas e desmontadas existe um enorme risco. Mesmo assim o Museu Fugi está aberto para intercâmbios com outros países, inclusive espera que em breve seu museu receba a arte brasileira. ?Possuímos cerca de 30 mil obras e mantemos relações internacionais com 30 regiões. Em nosso acervo estão pinturas ocidentais do século 15 ao 20, arte chinesa, japonesa e a fotografia, desde seu surgimento?, conclui Noguchi.

Serviço

Exposição Eternos tesouros do Japão aberta para convidados, hoje, às 19h, e amanhã ao público. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 para estudantes. Mais informações pelo telefone (41) 3350-4400.

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