MON expõe trabalho inédito de Orlando Azevedo

É possível criar arte a partir da morte? Para o fotógrafo português Orlando Azevedo, sim. O artista chutou para longe o tabu que envolve este assunto e criou a exposição Marinhas – Arqueologia da morte, que inicia hoje e vai até o dia 21 de novembro, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.

Muito além de uma visão fúnebre e chocante que poderia causar em uma primeira impressão, o trabalho traz animais mortos e objetos em deterioração recolhidos do mar sem soar trágico, no que o próprio autor define como “náufragos da existência”.

De acordo com o fotógrafo, os materiais da exposição já vêm sendo trabalhados há duas décadas e que começou meio que por um acaso. “A primeira imagem que produzi foi de um tampo de mesa enferrujado. Sempre me interessei em ver as coisas que o mar traz. A ideia inicial era de fazer algo só para o meu prazer, mas percebi que tinha um material que valia a pena compartilhar com as outras pessoas”, revela.

Azevedo conta que traz uma visão poética para um assunto tão delicado. “Tomei todo o cuidado para que as 38 imagens da exposição tivessem cuidados estéticos e técnicos. Sei que o assunto é delicado, mas é uma constante, inevitável. Gosto de tratar sobre estas questões de ciclo de vida e de passagem. Uso uma frase do filósofo alemão Immanuel Kant: “se vale a pena viver e se morrer faz parta da vida, então, vale a pena morrer’ para exprimir este conceito”, avalia.

Questionado sobre o que o público vai achar sobre a mostra, o artista revela que não sabe qual será a reação, mas acredita que será marcante. “Não faço algo pensando nas pessoas, mas sim no meu prazer. A intenção nem era de um dia expor estas 38 imagens, mas elas tomaram outros caminhos que achei válido dividir a mesma emoção que sinto com o público que for prestigiar. Além das imagens, haverá alguns poemas, textos e também uma trilha sonora que acompanha a exposição. Acredito que a interpretação será pessoal e bem variada”, afirma.

Serviço

Exposição Marinhas – Arqueologia da morte.
A partir de hoje até 21 de novembro, no Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba).
De terça a domingo, das 10h às 18h. Ingresso: R$ 4,00.

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