O Museu Oscar Niemeyer abre ao público nesta sexta-feira (3) a exposição ?A Primeira Missa no Brasil?. A exposição apresenta o quadro A Primeira Missa no Brasil, pintado por Victor Meirelles em 1860, e que foi totalmente restaurado pelo Museu Nacional de Belas Artes, com o patrocínio do BNDES. A mostra é complementada pela exibição de painéis fotográficos sobre todo o processo de restauração e de 12 desenhos preparatórios para a execução da obra.
O quadro foi baseado na carta que Pero Vaz de Caminha enviou a Dom Manuel, rei de Portugal, por sugestão de Manoel de Araújo Porto Alegre. Pintada em Paris, a obra foi a primeira de um artista brasileiro aceita no Salão Francês. ?É uma honra para o Museu receber uma das obras mais importantes que temos e que reflete um momento histórico para o Brasil?, afirma a presidente do Museu Oscar Niemeyer, Maristela Requião.
Após participar da exposição em Paris, o quadro foi um dos escolhidos para representar o Brasil na Exposição Universal da Filadélfia, em 1876. ?As duas viagens foram seguramente a causa da primeira restauração, feita em 1878. Ainda hoje o transporte e o manuseio de obras de grandes dimensões estão entre as principais causas de danos?, afirma o curador da exposição, Pedro Xexéo.
Com o objetivo de contextualizar a produção e o restauro dessa grande obra, o curador dividiu a exposição em três segmentos, tendo como núcleo central a exibição do quadro complemente recuperado. Os outros dois segmentos apresentam painéis fotográficos coloridos que mostram todas as etapas do processo de restauração e a parte histórica com um resumo preparado por Xexéo sobre como foi pintada a obra. O segmento histórico é enriquecido pela série de desenhos.
Para restaurar o quadro, a equipe do Museu Nacional de Belas Artes contou com o apoio do Laboratório de Instrumentação Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que identificou a paleta usada pelo pintor através da fluorescência de raios X e registrou a alteração das dimensões da obra e os danos de suporte através da radiografia digital. O trabalho de restauração começou no ano passado e foi concluído há cerca de um mês.
Além dos exames, e antes de qualquer intervenção, A Primeira Missa foi dividida em 108 quadrantes para facilitar a localização dos dados. As fotos foram feitas com luz natural, tangencial, ultravioleta e infravermelho. Os exames prévios permitiram o mapeamento dos rasgos, perdas de suporte, enxertos, perdas de pintura, extensão dos emassamentos e repinturas. ?Apesar de nenhum documento relatar alterações nas medidas da obra, a radiografia mostra que em volta da pintura há uma faixa de cerca de oito centímetros, sem fundo de preparação?, explica Xexéo.
A pesquisa documental indicou também que a tela deve ter sido molhada no porão do navio que a trouxe de volta ao Brasil após a exposição na Filadélfia. O relatório da chegada, assinado pelo restaurador Vasco Mariz e pelo próprio Victor Meirelles, diz que um terço do quadro estava danificado: havia um furo no centro, a pintura estava mofada e a tela, enfraquecida.
Em 1921, uma comissão avaliou o estado da obra, que seria o destaque da Exposição Universal, comemorativa do centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro. A equipe se decidiu por uma completa reentelação, devido às péssimas condições em que estava. Quarenta anos depois, em 1969, o professor Edson Motta fez um novo restauro. Em 2000, a obra foi retirada do circuito de exposição do Museu Nacional de Belas Artes, devido ao seu estado precário. No ano passado, com o patrocínio do BNDES, A Primeira Missa no Brasil começou a ser restaurada e, finalmente, é devolvida ao público.