MON apresenta exposição “Fluxus na Alemanha 1962-1994”

Fluxus2110406.jpgA exposição Fluxus na Alemanha 1962-1994 ?  Uma longa história com muitos nós apresenta parte das obras e registros documentais produzidos por artistas fluxistas de 1962 até 1994. Com abertura da temporada brasileira em Curitiba, a mostra segue depois para São Paulo, Buenos Aires e retorna para a Europa.

A seleção das obras, cerca de 300, foi feita pela curadora alemã Gabriele Knapstein e organizada pelo Instituto de Relações Culturais com o Exterior da Alemanha (Ifa). A exposição é resultante da parceria entre o Museu Oscar Niemeyer e o Goethe- Institut/Curitiba.

Os alemães Joseph Beuys (artista plástico), Henning Christiansen (pintor e músico); Wolf Vostell (artista plastico) John Cage (músico americano); George Maciunas (músico lituanês); Nam June Paik e Takako Saito, os mais conhecidos representantes de origem oriental do movimento, estão entre os principais ícones do Fluxus.

Obras

Fluxus_110406.jpgAo lado outros importantes artistas, eles realizaram uma produção cujas obras inusitadas agregam música, artes plásticas, vídeo-instalações e performances. A mostra exibe tanto trabalhos originais de artistas do Fluxus como de seus amigos. Paralelamente a apresentação de impressos e arquivo fotográfico que documenta os mais importantes concertos, o público poderá apreciar uma documentação cinematográfica rara e ouvir diversos exemplos sonoros de músicas fluxistas.

O material inclui ainda cartazes, catálogos de exposições, partituras, revistas e filmes ?como ?Flux-Filme?, de George Maciunas ?, que registram projetos, concertos, festivais, performances e happenings dos artistas. Além de peças radiofônicas obtidas pelo trabalho conjunto com a emissora de rádio alemã, Westdeutscher Rundfunk (WDR), que produziu as obras.

O farto material sonoro justifica-se pela marcante presença da música experimental nas raízes do movimento. Fator que indica a origem e os rumos dessa manifestação artística. Os concertos performáticos ?abertos a intervenções da platéia ?aconteciam sem programas fixados, local e horário.

Muitas das ?partituras? foram elevadas a obras de arte. Um dos exemplos, entre dezenas deles, é  ?Solo para violino?, de Nam June Paik, que mostra apenas a silhueta de um violino desenhado a caneta na pauta musical. Ou ainda a obra ?Mozart Mix?, de John Cage, construída em uma maleta de madeira que comporta, entre outros objetos, quatro toca-fitas, fitas com músicas e a inscrição ?Music withOut horiZon soundscApe that neveR sTops?.   

Outras produções são limpas, simples, além daquelas que parecem enigmas ou algum tipo de estudo a ser decifrado. Um exemplo é a obra  ?Schreibmaschinengedicht? (?Poema para máquina de escrever?), de Tomas Schmit. Ao ?leitor? resta apenas uma alternativa: para ler o poema só decifrando os números inscritos ?referentes às respectivas letras das palavras ? no teclado desenhado.

Obras como essas criaram um universo, um movimento tão amplo e inominável que classificar as diversas manifestações artísticas de fluxistas é quase uma tarefa impossível.

Indefinição

?O movimento é de difícil definição. Fluxus não é um movimento estático, é flutuante, versátil. Os artistas fluxistas trabalham a interdisciplinaridade. O Fluxus é contra as instituições e se opõe aos ideais burgueses de arte. É contra o quadrado e acontece fora dos museus e espaços pré-definidos?, afirma Claudia Römmelt Jahnel, diretora do Goethe-Institut /Curitiba e responsável pela organização da mostra em Curitiba.

Segundo a crítica de arte alemã Ursula Zeller, apresentar Fluxus em uma exposição é uma das tarefas mais difíceis no âmbito da mediação da arte para o público. ?A base e a intenção deste movimento artístico é constituída por um paradoxo indissolúvel. Antes de mais nada, Fluxus se define como o não-intencionado e não como um posicionamento ou uma afirmação positiva. Fluxus é um evento que ocorre espontaneamente num preciso momento e aceita sua própria efemeridade.?

Ursula diz que Fluxus só pode ser transmitido através de sua ?própria contradição constitutiva?, como documentação através de fotografias, ensaios, objetos ? relíquias, múltiples e publicações. Ela complementa: ?A ponte para o nosso tempo pode ser construída com obras de artistas do Fluxus que estão criando na contemporaneidade, porém com o espírito daquela época.? O Ifa, que responde pela organização da exposição, incluiu essas obras na exposição. 

Apesar da dificuldade de definição, algumas das obras fluxistas remetem aos ready-mades de Duchamp. ?As primeiras atividades do Fluxus ocorreram no início dos anos 60. Este período significou uma mudança de paradigma para as artes plásticas na Europa e nos Estados Unidos. O vasto campo do multifacetário movimento contra a arte, seguindo as idéias de Marcel Duchamp  -Neo-Dada em Nova Iorque, Zero em Düsseldorf? permitiu uma pesquisa livre da realidade, questionando o significado tradicional da mídia artística?, analisa a crítica.

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