A exposição Odorico Tavares – A Minha Casa Baiana -Sonhos e Desejos de Um Colecionador de Arte apresenta pela primeira vez a coleção completa, composta por 444 obras, formada pelo jornalista, poeta e colecionador Odorico Tavares.
O curador da mostra, Emanoel Araújo, a classifica como uma das mais belas coleções de arte moderna brasileira, reunida na Bahia por Odorico, entre os anos 50 e 70.
Para apresentar a grande coleção, o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, foi escolhido para iniciar o roteiro expositivo nacional. Depois segue para o Museu AfroBrasil, em São Paulo, Recife, Salvador e está em negociação para ser exibida também no Rio. A mostra no Oscar Niemeyer poderá ser apreciada pelo público a partir de sexta-feira. As obras de Odorico ficam expostas no MON até o dia 18 de setembro.
A mostra marca as comemorações do segundo aniversário de funcionamento do museu, a ser completado no próximo dia 8 de julho. Também comemora os 90 anos de nascimento de Odorico Tavares.
Eclético e atento
Pernambucano de Timbauba e baiano por devoção, Odorico fez da Bahia sua casa e de sua casa uma afetiva galeria. Colecionou principalmente obras-primas de artistas brasileiros, amigos e inspiradores de sua porção poeta, chegando a dedicar a cada um deles um poema, reunidos em Meus Poemas e Meus Artistas, o penúltimo de seus livros publicados.
?É uma coleção formada com antigüidades, com intimidade e afeto de Odorico pelos artistas que dela fazem parte?, afirma o curador Emanoel Araújo. De estética e gosto apurados, o colecionador dividiu o cenário da paisagem baiana com obras de Portinari, Di Cavalcanti, Pancetti, Djanira, Antonio Bandeira, Segall, Volpi, Guignard, Manabu Mabe, Cícero Dias e Carlos Bastos, entre outros, todos amigos dele, com poemas dedicados.
Desses, a mostra apresenta nada menos do que 22 obras de Portinari, 20 de Pancetti, 16 de Di Cavalcanti, algumas obras de Mabe – inclusive com figurativos da Bahia, e até 20 obras da fase baiana do artista paranaense Poty Lazarotto. ?Ele também foi amigo de Tomie Ohtake, mas que, por alguma impossibilidade, não chegou a adquirir nenhuma obra dela. Por isso, Tomie está produzindo uma obra especialmente para homenageá-lo.?
Colecionador ?sequioso e atento por estender seu olhar nas muitas viagens que fez?, em suas andanças de jornalista, Odorico também levou para a Bahia obras de Picasso, Miró, Matisse e do francês Georges Roualt, além de obras de japoneses, internacionalmente reconhecidos – Hamaguchi, Sugai e Tsutaka – muito valorizados no Japão. A mostra exibe seis Mirós, quatro Picassos e seis obras de Hamagushi. Além de uma série fotográfica inédita de Pierre Verger.
Todos devidamente acompanhados por uma coleção, composta de 35 obras dos séculos 17 e 18, da imaginária religiosa barroca, além de peças do mobiliário dos séculos 18 e 19. Estes marcam os primeiros momentos da vocação de colecionador inveterado de Odorico, na sua primeira casa na Bahia, na Rua Recife, em Salvador.