A fotografia está em transformação, e os coletivos são o que há de mais fresco nessa expressão artística e jornalística. Assim como estes tempos representam o fim do suporte físico para muitos profissionais que se retiram das redações de jornais e revistas, é também o momento de experimentar o compartilhamento infinito e o de fazer uso das novas narrativas.
Os coletivos, como diz Gabriela Biló, do Mamana, nasceram de uma necessidade não só estética, de rompimento com a demanda das redações, mas também de proteção. No meio do fogo cruzado, qualquer ser com uma câmera na mão poderia ser considerado um “inimigo infiltrado pertencente à mídia golpista”. Na verdade, era o contrário. “Para nos protegermos, passamos a andar em grupos no meio das manifestações”, diz Biló. Talvez venha daí o senso de colaboração entre os grupos. “Todos os coletivos se ajudam muito, com indicações de trabalho.”
A politização dos coletivos, inevitável por surgirem no bojo de um contexto politicamente histórico, é tema que pode ser debatido na mesa redonda de sexta-feira (11). A tomada de posição do olhar talvez seja mais radical e poderosa do que o engajamento das ideias no texto. Imagens falam mais e suscitam menos contestações. Mas será um tiro no pé se essa politização fizer o estrago que tem feito no jornalismo. Quando o partidarismo do jornalista o cega para qualquer um dos lados, suas ideias ficam amarradas a um conceito falho: o outro é o ruim e os meus são bons. É aí que a beleza da profissão começa a morrer.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.