Após declarar dificuldades para montar um elenco 100% negro e reacender a polêmica da inclusão racial na moda, Oskar Metsavaht, da Osklen, levou ontem 11 modelos negros, do total de 37 de seu desfile, à passarela da São Paulo Fashion Week. “Não encontrei número suficiente de negros com o perfil da Osklen. Este não é um desfile panfletário e muito menos de protesto.”
Metsavaht soube que este é o Ano Internacional da Afrodescendência no Mundo e resolveu comemorar a data na SPFW. “Queria só modelos negros por questão estética. Ficaria lindo na passarela”, disse.
Não completou todo o casting, mas chegou a 30% – bem mais do que os 10% que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pela São Paulo Fashion Week em 2009, exigia. E ainda um pouco mais do que os 20% que a ONG Educafro reivindica. Mas a Osklen está longe de representar a realidade.
O TAC tinha validade de dois anos e expirou há menos de um mês. Determinava que, se estilistas não levassem ao menos 10% de negros aos desfiles, a SPFW pagaria multa de R$ 250 mil. O manifesto que a Educafro fez na porta da Bienal na segunda-feira pedia que o TAC fosse renovado e a “cota” dobrasse.
“Queremos abrir mercado a brasileiros afrodescendentes. A SPFW não está na Suíça, mas em um país de maioria negra”, diz Frei David Santos, diretor da ONG. Oskar não fala em porcentagem, mas defende a cota. “Antes era contra, pois não acho que isso deveria ser imposto. Hoje, sou a favor. Se para trabalhar pela inclusão e pelo fim da discriminação é necessário impor a cota, então que haja cotas.”
Paulo Borges, organizador do evento, argumenta que são as marcas que escolhem seus modelos e a SPFW não tem poder para cobrar que incluam negros, índios ou qualquer outro tipo de profissional. Por meio da assessoria, disse que, embora o TAC tenha expirado, ele voltou a recomendar a cota. E sua posição sobre o tema é clara, inclusive por ter adotado um filho negro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.