MIS antecipa festival italiano com grandes filmes de Mario Monicelli

Comemora-se este ano o centenário de nascimento de Mario Monicelli e o grande diretor italiano de tragicomédias já foi homenageado pela Mostra, que apresentou uma retrospectiva com seis de seus filmes. Com obras consagradas e até cultuadas como Os Eternos Desconhecidos e A Grande Guerra, de 1958 e 59, a seleção da Mostra resgatou raridades como Filhas do Desejo, codirigido por Steno, de 1950, e Ladrão Apaixonado/Risate di Gioia, de 1960, que assinalou o único encontro de dois verdadeiros mitos – Totò e Anna Magnani. Uma outra homenagem a Monicelli começa nesta quinta-feira, 19, no Museu da Imagem e do Som, integrada ao 11º Festival de Cinema Italiano de São Paulo.

O festival começa na semana que vem, na terça-feira, 24. A homenagem antecipa a programação e ocorre de hoje até a próxima quarta, 25. Veio da Itália o crítico Ennio Bispuri, especialista na obra de Monicelli, para ministrar uma palestra, às 19 horas. Na sequência, será apresentada a versão restaurada de A Grande Guerra, com Alberto Sordi e Vittorio Gassman, sobre as trapalhadas de dois soldados que tentam fugir dos combates e terminam virando heróis.

A seleção no MIS prossegue exibindo dois filmes por dia. Dois dos títulos anunciados são talvez as obras-primas de Monicelli, que morreu em 2010, aos 94 anos – Os Companheiros e O Incrível Exército Brancaleone. O espectador que vir agora I Compagni talvez se espante de saber que há 50 anos, logo após o golpe militar, o filme tornou-se uma espécie de clássicos das sessões clandestinas que se propagavam por sindicatos e diretórios acadêmicos como ações de resistências contra o regime. Os Companheiros traz Marcello Mastroianni como professor que organiza greves de operários na Itália dos primórdios do movimento sindical. Ennio Bispuri poderá falar sobre a acuidade histórica e o significado preciso do filme naquele momento da vida italiana – 1963.

L’Armata Brancaleone é de 1965, dois anos depois. Para muita gente, críticos e admiradores da grande comédia italiana, passa por ser a obra-prima do diretor. Branca/branca/branca, leon/leon/leon. O canto de guerra do Exército organizado pelo cavaleiro Vittorio Gassman, de volta das Cruzadas, ecoava por uma Itália devastada pela miséria e pela peste. No episódio mais hilariante, a ‘armata’ vai parar no reino de Bizâncio, onde a mórbida Barbara Steele tenta fazer um tratamento em certas partes íntimas que afugenta o destemido Brancaleone. Na época, dizia-se de O Incrível Exército que era a versão ‘bufa’ das indagações existenciais de Ingmar Bergman em O Sétimo Selo, outra fábula medieval.

Completam a programação da homenagem a Monicelli os filmes Os Eternos Desconhecidos e A Grande Guerra, mais Meus Caros Amigos e Um Burguês Muito Pequeno, de 1975 e 76. Na quarta, finalmente com filmes inéditos e apresentações especiais. Mas começa desfalcado. Em entrevista, Lina Wertmuller disse que estava muito feliz de voltar ao Brasil, onde ‘quase’ havia filmado Tieta do Agreste, de Jorge Amado – a versão dela seria com Sophia Loren.

Lina teve de cancelar a viagem, por causa da saúde, que não anda bem. Bernardo Bertolucci também cancelou, e por problemas de saúde. E até Marco Bellocchio desistiu, porque está preso a uma produção nos EUA. Todas essas desistências empobrecem o festival como evento midiático, mas não vão faltar bons filmes, a começar pelos da homenagem a Mario Monicelli.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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