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MIS abre ciclo em homenagem a Marcello Mastroianni

Marcello Mastroianni nasceu em Fontana Liri, em 28 de setembro de 1924. Morreu em Paris, em 19 de dezembro de 1996 – há 20 anos! Como todo ano, o Festival Italiano promove uma retrospectiva, a título de aquecimento. A deste ano privilegia a arte do ator. Terá a participação da crítica italiana Cristina Colet, considerada especialista na vida e obra de Mastroianni. Cristina terá um encontro com o público antes da exibição de “Um Dia Muito Especial”, de Ettore Scola, nesta segunda-feira, 14, no MIS.

O ciclo dedicado a Mastroianni prossegue até domingo, 20, com entrada franca. É formado por sete títulos e, além do clássico de Scola também interpretado por Sophia Loren, deve mostrar – “Allonsanfan”, dos irmãos Taviani; “O Belo Antônio”, de Mauro Bolognini; “Casanova 70”, de Mario Monicelli; “Os Companheiros”, outro Monicelli; “Matrimônio à Italiana”, de Vittorio de Sica, outra parceria com Sophia Loren; e “A Noite”, de Michelangelo Antonioni. Nenhum de Federico Fellini, o autor de quem ele se tornou o alter ego na tela. Completam as exibições, uma exposição de fotos.

A escolha parece sob medida para questionar o mito de Mastroianni, que esculpiu a imagem do latin lover, mas nunca se prendeu a ela. “O Belo Antônio”, com roteiro de Pier Paolo Pasolini, baseia-se no romance de Vitaliano Brancati que coloca em xeque o macho italiano. Antônio é bom no bordel, mas não consegue concretizar o casamento. O afeto paralisa-o. Seu pai fascista, querendo mostrar que o ‘defeito’ do filho não é genético, morre do coração numa noitada com prostitutas e a mãe de Antonio conta à nora/Claudia Cardinale, selando a desmistificação, que o marido demorou dois anos (dois!) para consumar o casamento.

Em “Um Dia Muito Especial”, Scola promove o encontro do dona de casa com o gay. Todo o prédio foi para uma comemoração fascista. Sobraram os dois, Mastroianni e Loren. Em “Casanova 70”, mesmo na pele do mítico sedutor, Mastroianni continua colocando na tela a dificuldade de afirmação do macho, que não funciona em condições, digamos, ‘normais’. O herói precisa simular desafios, situações de perigo. Em vez de entrar pela porta, tem de escalar a parede do prédio para dormir com a amante do dia (ou da noite). Pobre Casanova! Dois outros filmes do programa situam os personagens de Mastroianni como traidores de classe. O professor Sinigaglia de “Os Companheiros” renega os seus ao virar agitador nos primórdios do movimento sindical italiano. E o aristocrata de Allonsanfan vive contradições extremas. Reintegra-se ao berço esplêndido, mas os antigos amigos vêm lhe cobrar de novo a participação na revolução.

É o que basta para que Paolo e Vittorio, os irmãos Taviani, reflitam sobre a crise da utopia – em 1974, bem depois da ressaca produzida pelo Maio de 68. E não se pode esquecer do escritor de “A Noite”, segunda parte da trilogia da solidão e da incomunicabilidade de Antonioni, episódio intermediário entre “A Aventura” e “O Eclipse”. O filme passa-se durante um dia da vida de um casal. Eles começam visitando um amigo no hospital e, à noite, vão a uma festa. Pela manhã, estão exauridos emocionalmente. A mulher, Jeanne Moreau, lê uma carta. A elegância e contenção de grandes atores não têm limite. Que o digam Mastroianni e Moreau. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

CICLO MASTROIANNI

MIS. Av. Europa, 158. Telefone: (11) 2117-4777. 2ª (14), a partir das 19h. Grátis (retirar ingresso 1h antes). Até 20/11.

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