1934. Ano em que aprendi a ler, no Colégio Iguassú. Isso mesmo, com dois ss. O diretor e fundador era o professor Alfredo Parodi. Os professores eram considerados os melhores. Aliás, conforme me lembro, nossos professores eram médicos, engenheiros, advogados… Nosso professor de desenho era um italiano, de nome Guido Viaro, que me detestava porque eu não levava o menor jeito. O professor de geografia era o Arthur Borges de Macedo. Lembro dele explicando que, provavelmente, a seca na região do Nordeste foi em conseqüência do abuso da monocultura: a terra cansou, perdeu o húmus com o plantio da cana- de-açúcar… O professor Ladislau (era advogado) me olhava com aprovação, ao notar que eu escrevia bem certo, o que ele ditava…
Creio que eles gostavam de lecionar. Havia preocupação com o ensino.
No ano de 1940, meus pais me matricularam na, então, chamada Escola Normal. Hoje Instituto de Educação. Terminei o ginásio em 1943.
Quando o professor Alfredo Parodi faleceu, outra pessoa assumiu a direção do colégio. Infelizmente ela foi incompetente e inconseqüente. Desgostosos com as novas normas implantadas, todos os professores se afastaram, saíram. E o Colégio Iguassú decaiu, desmoronou. Alguns anos depois, desapareceu. Ao saber o que havia acontecido com o ?meu colégio? fiquei muito triste. Agora, no lugar da escola, há um hotel. Ficou apenas a lembrança e a escultura do busto do professor Parodi, do outro lado da rua…
Margarita Wasserman é Escritora e membro do Instituto H. e Geográfico do Paraná.
