Millôr Fernandes morreu em sua casa, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Ele sofreu uma parada cardíaca e falência múltipla dos órgãos na terça-feira à noite. Jornalista, humorista, desenhista, dramaturgo, escritor. Millôr já era multimídia antes mesmo de o termo ser inventado.
Começou a trabalhar como jornalista aos 14 anos. Aos 19, foi contratado pela revista O Cruzeiro. Fez sua primeira exposição de desenhos em 1957 no Museu de Arte Moderna. Foi um dos criadores de PifPaf, o primeiro jornal alternativo do Brasil. Depois trabalhou no Pasquim, reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar. Foi colunista de revistas e jornais e um dos primeiros a abrir espaço na internet. Ele mantém um site desde 2000. No Twitter, tem mais de 368 mil seguidores.
Millôr também é referência como tradutor e o melhor que o teatro brasileiro já teve . Único a traduzir recriando no português as sutilezas das expressões que Shakespeare usou em inglês. Especialista em dramaturgia, traduziu desde os clássicos de Molière e Sófocles, aos modernos As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Fassbinder e o musical Chorus Line.
Ele publicou mais de cinquenta livros. Escreveu mais de dez roteiros de cinema.
Avesso a entrevistas, Millôr não costumava falar sobre seus trabalhos. Por isso deixamos que os amigos o façam.
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“Ele soube pensar o Brasil, tinha posições sempre claras, sempre corajosas. Eu acho que, pelo fato de ser rotulado como humorista, talvez muita gente não tenha prestado atenção a esse outro lado dele.”
Luis Fernando Veríssimo, escritor.
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“O Millôr conseguia esse milagre de misturar o traço e a palavra e introduzir a dimensão filosófica, não só fazia rir como fazia pensar. Perdemos o Chico Anysio e agora o Millor. O Brasil perdeu a graça.”
Zuenir Ventura, escritor
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“Não existe uma área da cultura que ele não tenha visitado: teatro, literatura, música, artes plásticas. O cara era uma figura que se expandiu sobre todas as possibilidades da cultura. Politicamente, ele era uma pessoa conservadora. É meio ‘abalante’ você assistir a morte de dois grandes nomes do humor e da cultura, Chico e Millôr.”
Cartunista Laerte
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“O Brasil e toda a nossa geração perdem uma referência intelectual.”
Presidente Dilma Rousseff