O diretor americano David Fincher é mestre em criar filmes com histórias sombrias e tramas intricadas e cheias de reviravoltas. Basta lembrar de títulos como “Alien 3”, “Seven – Os Sete Crimes Capitais”, “Clube da Luta” e “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Em comum, todos carregam elementos grotescos, violentos ou fantásticos. Não é de se estranhar que o diretor tenha decidido adaptar para o cinema o romance sueco “Millennium – Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, de Stieg Larsson, que segue justamente essa linha.
Para os papéis principais, Fincher convocou Daniel Craig (o 007), que interpreta o jornalista Mikael Blomkvist, e Rooney Mara, que dá vida à hacker Lisbeth Salander. Para encarná-la, Rooney teve de fazer piercings de verdade, além de aprender a andar de moto e raspar parte do cabelo. Ela, aliás, já trabalhou com Fincher em “A Rede Social”, como a garota que dá o fora em Mark Zuckerberg, dono do site Facebook. Orçado em US$ 100 milhões, o longa concorre ao Oscar deste ano em cinco categorias: melhor atriz (Rooney Mara), melhor fotografia, edição, edição de som e mixagem de som.
Mesmo retomando esses elementos que lhe são tão familiares, realizar este filme é um desafio para o diretor, já que se trata de uma versão hollywoodiana de um filme sueco, lançado em 2009 e dirigido por Niels Arden Oplev. Na produção europeia, a atriz que interpreta Lisbeth é Noomi Rapace (que está em “Sherlock Holmes 2”). Mas para quem leu o livro e viu a versão sueca, Fincher guardou uma surpresa: alterou o final de sua versão. Apesar disso, boa parte dos dois filmes é bastante semelhante, incluindo locações, algumas falas e até a caracterização da hacker. Ambos também são ambientados na Suécia.
O livro que inspirou o filme é a primeira parte de uma trilogia com os personagens Lisbeth e Mikael e, para os padrões de Hollywood, é uma história muita violenta. Mas Fincher não quer perder a oportunidade de dirigir as adaptações dos outros títulos, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar”, também da saga “Millennium”, inaugurando uma espécie de franquia com temas que vão desde brigas e traições até nazismo, torturas, assassinatos e estupros. Ele, aliás, já confirmou que irá dirigir os próximos filmes da série.
Em “Millennium – Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, que estreia amanhã, o jornalista Blomkvist foi condenado por publicar uma matéria mentirosa sobre um magnata das finanças em sua revista Millennium. Desmoralizado, Blomkvist é convidado pelo milionário Henrik Vanger a viajar para uma isolada ilha no interior da Suécia para investigar sua família. Vanger suspeita que um dos integrantes do clã assassinou sua sobrinha, Harriet, há 40 anos. Desde então, o magnata vem reunindo informações para tentar descobrir o assassino, mas nunca chegou a conclusão nenhuma. Ele acredita que o faro jornalístico de Blomkvist possa dar andamento à investigação, além de afastá-lo dos holofotes.
Ao começar a investigação, o caminho de Blomkvist irá cruzar com o da hacker Lisbeth, que vai ajudá-lo. Completamente perturbada por eventos de sua infância, Lisbeth é uma punk no sentido literal. Com sua habilidade em invadir computadores, ela trabalha como investigadora particular para uma firma de detetives. Apesar de ser maior de idade, é considerada pelo Estado incapaz de cuidar de si mesma e tutores são designados para cuidarem dela – e um deles passa a estuprá-la. Ao se encontrarem, duas pessoas com valores completamente diferentes são unidas pelo acaso para tentarem solucionar um crime. O resultado dessa mistura explosiva origina, ao que tudo indica, um dos melhores thrillers do ano (e olha que ainda estamos em janeiro!). As informações são do Jornal da Tarde.
