Enquanto a voz das ruas reverbera nas redes, nas passarelas ela começa a silenciar. Depois de temporadas em que o streetwear e a informalidade vinham dando o tom, o jogo começa a se inverter. Ao menos na Semana de Moda de Milão, encerrada no domingo, 23, em que marcas do calibre de Prada, Fendi, Versace e Armani sugerem um retorno à elegância clássica.
Saem de cena os moletons, as roupas esportivas, os jeans e os tênis de solados turbinados. Ganham destaque produções e materiais mais sofisticados, como seda, cetim e couro, acompanhados de acessórios que evocam luxo, riqueza e um passado glorioso das marcas. Uma onda conservadora? Não necessariamente. Vide a Prada.
Comportado, só que não, o verão da marca subverte códigos tradicionais do guarda-roupa feminino. Vestidos de shape austero, fechados até o pescoço, surgem em versões transparentes, tricôs e camisas ganham recortes no colo e nas costas. Há lacinhos por toda a parte, muitos bodies e camisolas com decotes afrontosos, saias de cetim tingidas por estampas psicodélicas e motivos gráficos dos (libertários) 60s.
Na Versace, a sensualidade aparece em alta voltagem com tops, saias e vestidos curtíssimos, justinhos, feitos com uma mistura de florais e listras.
Na passarela da Fendi, o fundamento são as peças utilitárias, com bolsos generosos em quantidade e tamanho.
Há dois anos à frente da Marni, Francesco Risso se apoia nas artes para construir sua coleção. “Pensei que o que faço se assemelha ao trabalho de um pintor e sua tela em branco em uma série de tentativas e erros que, de repente, acaba por se tornar a obra em si”, disse o designer à Vogue americana. Cortes brutos e costuras “por fazer” desconstruíam peças aparentemente antiquadas. Em um charme excêntrico, sua visão experimental estampa vestidos e saias com colagens em que se destacam o uso do vermelho e do azul royal.
No bloco dos estilistas mais experientes, a Missoni celebra seus 65 anos provando que, apesar de ser uma empresa familiar independente, sua fórmula resiste. Suas malhas e seus zigue-zagues cruzam a passarela em robes, túnicas, saias com babados e calças soltas ao corpo em tons neutros e azul, confirmando a relevância da grife hoje.
Manter-se fiel ao DNA ao mesmo tempo em que se atualiza é missão também para a Dolce & Gabbana, que andava flertando com o street e agora celebra o luxo em todas as suas formas. O sonho italiano é impresso nos seus maiores hits: viúvas sexy em vestidos pretos rendados, rosas nos acessórios e estampas e jaquetas bordadas elaboradas.
Na onda clássica, entretanto, não há nome mais icônico que o de Giorgio Armani. Em sua linha mais jovem, a Emporio Armani moderniza silhuetas dos anos 70 e 80 para os dias de hoje, num desfile grandioso para 2.300 convidados num hangar no aeroporto de Linate. “É elegante – e menos sobre streetwear”, definiu o designer ao jornal WWD. No desfile da Giorgio Armani, aposta em looks leves e fluidos, relendo clássicos da alfaiataria feminina. Chique em sua essência.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.