Você só precisa da internet e, claro, ser assinante da plataforma Looke – desde sexta, 17, está disponível no streaming o novo filme de Tan Bing com Li Dongxue. Tan quem, Li quem? Ambos podem ser muito importantes no mercado chinês, mas para tornar O Vendedor Chinês atraente para o público brasileiro é necessário buscar outros nomes no elenco, ou outro.
Mike Tyson, Mike Tyson, Mike Tyson. O mito, o ícone! Mike coestrela o filme com Steven Seagal, que aposentou o rabo de cavalo, engordou feito Pantagruel, mas ainda bate e arrebenta, inclusive o ex-campeão de pesos pesados. A pergunta que não quer calar. Se não tivesse de perder por exigência do roteiro e enfrentasse Steve – sem o ‘n’, como ele é creditado – numa luta limpa, Mike venceria? O derrubaria por K.O., knock out? “Maybe”, Talvez, é a resposta monossilábica de Mr. Tyson.
É assim que a assessora simpática se refere ao lutador, agora ator. Mike, Mr. Tyson, concordou em conceder a entrevista, mas antes é preciso passar por ela, que está em Los Angeles, e conecta o repórter com ele, em Las Vegas. Joann acrescenta, antes de completar a ligação, que ele está de excelente humor. E insiste – no politcs, no criminal charges. E vamos lá! O Vendedor Chinês baseia-se numa história real, informa a produção. Passa-se num caótico país africano que acaba de sair de uma revolução e agora precisa se reconectar com o mundo, entrando na modernidade com novas redes de comunicação. Li Dongxue representa uma virtuosa firma chinesa que tromba com todos os desonestos do planeta, que parecem ter aterrissado na África. Entre toda essa gente há um agente duplo francês, ligado a um suposto príncipe africano – Kabbah quer restaurar a grandeza que sua tribo teve há 2 mil anos. Kabbah é Mike Tyson e Steve Seagal o mercenário norte-americano que, por acaso, está por ali.
Mike, você não acha que exagera na seriedade de Kabbah, nesse filme que se pauta pela extravagância e no qual nada faz sentido? Kabbah parece saído de Pantera Negra. Mike – “São grandezas diferentes. Pantera Negra virou um fenômeno para a indústria e o povo negro. Nosso filme é só diversão, mas, como afro-americano, tenho de honrar o personagem.” O que o atraiu nessa aventura? “Filmar na China, as lutas.” Justamente, as lutas. Mike Tyson construiu uma das carreiras míticas do boxe. Aos 20 anos, já era campeão mundial dos pesos pesados. Veio de baixo, da pobreza quase absoluta. Foi menino de reformatórios. Como chegou lá? “Com ajuda. Tive um treinador que me ensinou a canalizar minha energia negativa para algo mais proveitoso.” Só isso? “Não, a disciplina conta muito.” Conta até nas lutas simuladas dos filmes? “Com certeza. Tudo aquilo é coreografia, que a gente executa com muita precisão.”
O repórter não se furta a citar os clássicos de boxe dos anos 1940 e 50 – O Invencível e Trágica Farsa, de Mark Robson; Punhos de Campeão e Marcado pela Sarjeta, de Robert Wise. Mike os conhece? “Alguns, senão todos. Não posso dizer que foram inspirações, mas apontaram um caminho.” E as artes marciais? “Não era meu estilo, mas fiz filmes – Kickboxer – A Retaliação; O Grande Mestre 3.” Tem feito muitos (filmes) e shows de humor. É hilário cantando In the Air Tonight em Se Beber, Não Case!, de 2009. A cena termina com um soco, lembram? Qual é a motivação? “Me pagam bem, é claro, mas é a diversão. Divirto-me muito. E Louis (é assim que chama o repórter) adoraria fazer um filme no Brasil. É só me chamarem que eu topo. Acho seu país muito interessante.”
Já que a política está interditada – Donald Trump nem pensar -, uma coisa mais genérica. Como ele, aos 52 anos – nasceu em 1966 -, vê esse mundo de tantas guerras e desigualdades? “Cmon man. Its a wonderful world.” Parece o velho Frank Capra falando – “Qual é, cara? É um mundo maravilhoso.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.