Foto: Renato Rocha Miranda/Divulgação |
Millene Ramalho, Irandhir Santos e Cacá Carvalho, em cena. continua após a publicidade |
Luiz Fernando Carvalho aposta mais uma vez na linguagem teatral e no formato microssérie com A Pedra do Reino, que estreou ontem, na Globo. A história, baseada no romance homônimo de Ariano Suassuna, mistura fantasia e realidade retratando os delírios de Quaderna, o personagem central interpretado pelo pernambucano Irandhir Santos. Poeta, charadista e redator de almanaques, o personagem resolve analisar sua árvore genealógica e, a partir daí, passa a acreditar que é ?rei?. O tratamento fantástico e poético da produção lembra as duas temporadas de Hoje é Dia de Maria. Com experiência em cinema e teatro, Irandhir foi escolhido por causa de um teste realizado há quatro anos do início das gravações, que ficou todo este tempo perdido no banco de dados da emissora. ?Não esperava que algo fosse surgir por causa daquela fita. Na época, um olheiro me viu em uma peça e gostou?, conta o ator.
A microssérie, gravada em Taperoá, no sertão da Paraíba, arrisca ao usar atores regionais para conduzir a história. Assim como Irandhir, a maior parte do elenco não tem nenhuma experiência em televisão. Cacá Carvalho, intérprete do Juiz Corregedor, é um dos poucos que já teve a oportunidade de trabalhar no veículo, inclusive com Luiz Fernando. E, apesar disso, não acha que esteja com vantagem em relação aos demais. ?Minhas aparições na tevê são tão esporádicas que me sinto um ignorante nessa linguagem. Por isso me encaixo no perfil das produções do Luiz?, explica Cacá, que trabalhou com o diretor em Renascer e em A Farsa da Boa Preguiça. Na história, o Juiz Corregedor investiga a participação de Quaderna em um assassinato e suas pretensões monárquicas.
Usar um elenco desconhecido pode revelar grandes surpresas, mas é algo que também exige cuidados extras. Apesar de estrear em junho, a microssérie começou a ser gravada em setembro de 2006 e foi concluída antes do Natal passado. Esses três meses de produção na Paraíba foram condensados em apenas cinco capítulos, que serão exibidos até sábado, e com o horário variado. Hoje, passa às 23:45h; amanhã, às 22h55h, após A Grande Família; na sexta, às 23h, depois do Globo Repórter; e no sábado, às 22h, no horário do Zorra Total. Mesmo com os obstáculos, o diretor continuará apostando no formato de microssérie. Para Luiz Fernando, a tevê precisa se transformar em mais que diversão, ter dimensão artística em sua programação. ?Ou sigo por este caminho ou, para mim, nada faz sentido?, justifica.
O elenco de novatos também contou com a ajuda da atriz Fernanda Montenegro, que ministrou uma palestra antes do início dos ensaios com a equipe inteira. Além dela, os preparadores Ricardo Blat, Tiche Vianna e Lúcia Cordeiro cuidaram dos exercícios de expressão corporal mais adequados aos trabalhos de Luiz Fernando.
Ao longo dos capítulos, Quaderna seduz e é seduzido por algumas das personagens femininas da trama. Para interpretar a datilógrafa Margarida, Millene Ramalho precisou deixar Paris, onde estava fazendo cursos de interpretação e de canto lírico. Sobrinha da cantora Elba Ramalho e natural de Campina Grande, a atriz vive na história a mulher escolhida pelo Juiz Corregedor para redigir o depoimento de Quaderna durante o inquérito. Millene, de 25 anos, saiu da cidade natal para estudar Artes Cênicas no Rio quando tinha 17 anos. ?Minha personagem reflete a doçura, a delicadeza e o amor puro na microssérie?, conta ela, que fez pequenas participações em Da Cor do Pecado e Belíssima.