Rei do Pop

Michael morreu com dívidas estimadas em US$ 400 milhões

Michael Jackson, o cantor, foi também Michael Jackson, o negócio de bilhões de dólares. Mesmo depois de vender, apenas nos Estados Unidos, mais de 61 milhões de discos e ser tão popular a ponto de ter tido uma atração nos parques temáticos da Disney dedicada a ele por uma década, o “Rei do Pop” morreu ontem supostamente com uma dívida na casa dos US$ 400 milhões, após uma década de escândalos.

O astro impulsionou o desenvolvimento dos videoclipes e catapultou a popularidade da MTV, após o lançamento da emissora em 1981. O clipe da música “Thriller”, de 1982, passava na programação a cada hora. O álbum de mesmo nome é o disco mais vendido da história. Cinco anos depois, o disco “Bad” vendeu 22 milhões de cópias, e em 1991 o cantor assinou um contrato de gravação de US$ 65 milhões com a Sony.

Um dos acordos mais inteligentes do astro, firmado em 1985, no auge de seu sucesso, foi a aquisição, estimada em US$ 47,5 milhões, da ATV Music, que possuía os direitos autorais das canções escritas por John Lennon e Paul McCartney. O catálogo proporcionou ao cantor um fluxo estável de renda e a possibilidade de levar um estilo de vida recheado de excessos. Ele comprou o rancho Neverland em 1988, por US$ 14,6 milhões. O local era uma vasta propriedade de área de 2.500 acres nas colinas de Santa Bárbara.

Uma “bomba”, porém, explodiu em 1993, quando o astro foi acusado de molestar um garoto de 13 anos. Ele pagou a família do menino em um acordo para que o caso fosse arquivado, mas outras alegações de pedofilia começaram a surgir. Ao enfrentar mais problemas financeiros, Jackson firmou um acordo com a Sony em 1995 para fundir a ATV com o catálogo de músicas da Sony e vender os direitos de publicação da Sony por US$ 95 milhões.

Em 2001, usou metade de seus ativos da ATV como garantia para afiançar US$ 200 milhões em empréstimos do Bank of America. Como seus problemas financeiros persistiam, Jackson começou a tomar empréstimo de grandes quantidades de dinheiro. Segundo um processo de 2002, da Union Finance & Investment Corp., Jackson deixou de pagar US$ 12 milhões em taxas e despesas.

Em 2003, o músico foi preso por acusações de ter molestado outro garoto de 13 anos. O julgamento de 2005, em que foi absolvido, trouxe à tona mais detalhes de seus problemas financeiros.

Segundo um contador forense, o cantor teve uma “crise financeira”, e estava gastando, por ano, entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões a mais do que ganhava. Em março de 2008, Neverland quase teve a hipoteca executada. O artista também não conseguiu pagar a hipoteca de uma casa em Los Angeles que havia sido usada anos antes por sua família.

Além disso, o astro foi obrigado a se defender de uma série de processos nos últimos anos, incluindo um de US$ 7 milhões do xeque Abdulla bin Hamad Al Khalifa, segundo filho do rei do Bahrein. Leilões de memorabilia eram frequentemente anunciados, mas se tornaram objeto de disputas legais e eram frequentemente cancelados. Jackson repetidamente tomou emprestado dinheiro de amigos.

Guru

Al Khalifa tentou ajudar o músico após sua absolvição, levando-o para o Bahrein e emprestando-lhe dinheiro. Em seu processo, Al Khalifa afirmou que deu milhões de dólares ao cantor para ajudar a resolver seus problemas financeiros, fazer um álbum, escrever uma autobiografia e subsidiar seu estilo de vida, incluindo mais de US$ 300 milhões por um “guru motivacional”.

O processo foi arquivado no ano passado por uma quantia não divulgada. E nem o disco nem o livro foram produzidos. Outro benfeitor, o bilionário Thomas Barrack, presidente-executivo da empresa de investimento Colony Capital LLC, ajudou Jackson no ano passado quando ele corria o risco de perder Neverland em um leilão público. Barrack não estava disponível para comentários ontem, mas se referiu ao cantor em um comunicado como “um homem gentil, talentoso e compassivo”.

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