Uma das notáveis caras novas que o Bourbon Street Fest está trazendo pela primeira vez ao Brasil é, sem dúvida, a cantora e guitarrista Mia Borders, de 26 anos. Cool e reservada, ela parece habitar aquela galáxia na qual vivia, por exemplo, Cássia Eller. Ela se apresenta no Bourbon Street Music Club na quarta, 20, às 21 h, e volta a tocar na sexta, 22, às 22h30, com sua banda.

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Apesar da idade, ela tem uma intensidade emocional que, por vezes, lembra uma Etta James mais urbana, ou uma Nina Simone com distorção. “Claro que, quando eu era garota, ouvia essas mulheres e sonhava. É um grande elogio ser minimamente comparada a elas. Mas eu estou seguindo meu caminho, não estou emulando ninguém”, disse Mia com voz rouca, em entrevista por telefone ao Estado de New Orleans, onde vive – chegou a morar em Connecticut na adolescência, mas achava o lugar tedioso.

“Minha avó não queria que eu tocasse guitarra, me colocou para estudar piano. Mas eu larguei, fui em direção à guitarra com uns 11 anos e nunca parei, estive compondo e cantando desde então”, ela canta. Suas composições são confessionais, e têm grande componente autobiográfico, como a recente 25 Years (do disco Quarter-Life Crisis, do ano passado).

25 Years diz o seguinte: “Os próximos 25 não vão ser como os últimos/O passado passou/Eu tenho que fazer uma mudança/Colocar a garrafa de lado”. Ela explica: “Parei de beber há dois anos. Você sabe: vivendo em New Orleans, sendo do mundo da música, do mundo noturno, é muito difícil não cair na bebida. Mas estava me fazendo mal, parei”.

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O repertório é quase sempre próprio, mas Mia também ataca uns covers muito particulares. É possível vê-la no YouTube, no Kennedy Center, tocando uma versão matadora de Superstition, de Stevie Wonder. “Tenho influência do blues, mas também do soul e do funk”, diz. Mas tira sarro dos que a compararam com Lenny Kravitz e Tracy Chapman. “Talvez isso tenha mais a ver com meu cabelo e meus óculos escuros”, comenta.

Ela é praticamente local hero de New Orleans, porque sua única excursão para o exterior até agora tinha sido um show na Suíça, em um hotel. Tem sete discos, o primeiro gravado em 2005, quando ainda era um prodígio adolescente: Good Things.

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Sua banda tem Jesse Morrow no baixo, Robert Lee na bateria e Takeshi Shimmura na guitarra. Para esse último, ela quebra o tom de voz distanciado e se entusiasma: “Toda minha banda pode tocar qualquer gênero. O baixista tem treinamento em jazz clássico. Mas o japonês é fora de série. Preste atenção nele: na minha opinião, é um dos melhores guitarristas em ação lá na minha região”.