Na era em que as imagens trafegam em nuvens, o lançamento de um DVD pode não ter a mesma força. Para os fãs do Metallica, isso pouco parece importar. Na Argentina, em pouco mais de um mês, “Orgulho, Paixão e Glória” alcançou o disco de platina.
Filmado em três noites na Cidade do México, no Estádio Foro Sol em junho de 2009, o show é o mesmo que São Paulo assistirá neste fim de semana. É possível comprar uma edição especial com 2 DVDs e 2CDs (Universal, R$ 59,90).
O Metallica nunca repete o mesmo setlist nas cidades quando toca mais de uma noite. No México, foram 34 músicas espalhadas pelas três noites para um público total de 200 mil pagantes.
“Creeping Death” (do 2º álbum Ride the Lightning, de 1984) e “Seek & Destroy” (do primeiro, Kill ‘Em All, de 1983) são presença garantida em todas as apresentações. De resto, surpresas como “Trapped Under Ice”, “Hit the Lighs”, “Dyers Eve” e “No Remorse” são pérolas depositadas entre as músicas do novo álbum – que costumam ser quatro pinçadas para cada concerto, entre elas “Broken, Beat & Scarred”, “All Nightmare Long” e “The Day that Never Comes”.
A escolha do México, segundo James Hetfield, tem a ver com a paixão e a fidelidade do público daquele país. Na caixa de 1993, Live Shit: Binge & Purge, três CDs já traziam um concerto realizado no México na turnê do Black Album.
O lançamento de mais um DVD fez o baterista Lars Ulrich brincar na coletiva que antecedeu o show em Buenos Aires: “Ninguém aguenta mais um DVD do Metallica. Nos últimos seis meses saíram uns 30. O mundo não precisa mais disso.”
Lars se refere a enxurrada de 5 DVDs produzidos nos últimos 11 anos. Antes, durante toda a carreira, foram 4 lançamentos, o primeiro de 1987, em homenagem ao baixista Cliff Burton, morto em 1986 num acidente de ônibus durante a turnê do álbum Master of Puppets.
Das últimas amostras, a mais emblemática é Some Kind of Monster (2004), documentário que segue o grupo em seu pior momento, entre os anos de 2001 e 2003. São 1.200 horas de filmagens de brigas, discussões e demissões. Com a ajuda do psicólogo Phil Towle, o trio – sem Jason Newsted – revela suas dores e sentimentos.
Uma das passagens mais marcantes é a aparição de Dave Mustaine, guitarrista que formou o Megadeth depois de ser demitido por James e Lars em 1983. Um “Big Brother” com muita música pesada, choro e arrependimento.