A primavera tinha começado estranhamente bem em Curitiba. Mas foi só se empolgar com o solzinho que – cabrum! – caiu o mundo, e a chuva e o frio deram meia-volta. Mas nem tudo está perdido: hoje os úmidos paranaenses vão poder sentir o gostinho das iguarias nordestinas no Espaço Calamengau, que recebe os pernambucanos do Mestre Ambrósio.
O show marca o encerramento da turnê nacional do disco Terceiro Samba, o terceiro da banda, lançado em março de 2001, e relembra ainda os maiores sucessos desse grupo que despontou na esteira do mangue beat de Chico Science e Nação Zumbi, nos anos 90.
Mas não se encerra no rótulo: “O que se convencionou chamar de mangue beat foi muito mais uma retomada da auto-estima dos músicos pernambucanos do que a imposição de um padrão estético”, define Ségio Cassiano, percussionista, principal compositor e porta-voz do grupo. “Se dizer que somos artistas de Pernambuco já limita, nos colocar debaixo do rótulo mangue beat limita muito mais. Prefiro dizer que somos contemporâneos de uma cena que retomou a auto-estima de Pernambuco.”
Comparados a outros representantes da cena recifense, como a Nação Zumbi ou o Mundo Livre, os ambrósios seriam mais “tradicionalistas”: “Mexemos com a música popular de Pernambuco, maracatu, coco, frevo, baião, xote, caboclinho, e fazemos o entrecruzamento dela com a MPB. Tivemos menos influência do rock”, compara.
Sobre Terceiro Samba, ele esclarece que o “samba” aqui seria muito mais que o ritmo. “Esta expressão sempre foi usada no Nordeste, com vários significados: quando alguma coisa vai engrenar, dizemos que vai dar samba, há um ritmo de maracatu rural chamado samba, e também podemos compreendê-lo como um encontro, uma reunião em torno de um ideal. Assim, como é o terceiro CD, foi o nosso “terceiro samba” para concebê-lo”. Samba mesmo, o gênero, só tem dois: Saudade e Lembrança de Folha Seca, inspirados em Tom Zé e com influências de Cartola, Martinho da Vila, Monsueto e Roberto Silva. E o que os curitibanos vão encontrar hoje no Calamengau? “Vão ter uma leve idéia de como é o nosso Carnaval, com muito baião, xote, maracatu, coco, caboclinho… e alegria!”. O encerramento é com o arrasta-pé consagrado de Ceará com a banda Calamengau.
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Hoje a partir das 23h no Espaço Calamengau (Rua Roberto Barrozo, 1.190). Mais informações pelo telefone (41) 338-7766.
