Meryl Streep completa nesta segunda, 22, 66 anos. No passado, ela já juntou sua voz ao coro das descontentes, que reclamavam da indústria por não oferecer às mulheres de certa idade bons papéis. Meryl só podia estar brincando.

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Duas vezes vencedora do Oscar – de coadjuvante, por Kramer Vs. Kramer, em 1979; melhor atriz por A Escolha de Sophia, em 1982 -, ela sempre foi prestigiada, mas o sucesso, sucesso de verdade, comprovado nas bilheteria, só veio quando ela já estava com a tal ‘certa idade’.

Durante muito tempo, o sucesso dos filmes era creditado aos protagonistas masculinos – Dustin Hoffman em Kramer, Jack Nicholson em A Difícil Arte de Amar. Em O Rio Selvagem, de Curtis Hanson, como a mãe que pega em armas para proteger a família, Meryl finalmente levou um filme ao pódio do faturamento. O ano era 1994 e ela já tinha… 45 anos. O sucesso foi maior ainda em Mamma Mia!, quando Meryl já beirava os 60.

Ninguém, nem as lendárias estrelas do passado – como Bette Davis – teve mais indicações para o Oscar do que ela. Foram 19. E os prêmios! Citamos no começo do texto os dois primeiros Oscars. Veio mais um – pelo papel como Margaret Thatcher em A Dama de Ferro, em 2012.

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Emmys, Globos de Ouro, Baftas, Actor’s Guild Awards – todos no plural. Meryl venceu todos, e mais de uma vez. Foi melhor atriz nos festivais de Cannes e Berlim. E recebeu um César, o Oscar francês, honorário por sua carreira. Haja estante para tantos prêmios.

Meryl Louise Streep nasceu em Summit, New Jersey, em 22 de junho de 1949. Sua estreia profissional foi em 1975, no teatro, com a peça Trelany of the Wells. Na TV estreou em 1977, no telefilme The Deadliest Season. No ano seguinte, conseguiu um pequeno papel em Júlia.

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Foi sua estreia no cinema, e ela jura que aprendeu muito só vendo Fred Zinnemann dirigir as estrelas da produção, Jane Fonda e Vanessa Redgrave (que ganhou o Oscar de coadjuvante).

Continuando com os prêmios, Meryl recebeu o prêmio honorário do American Film Institute em 2004 e o Kennedy Center Honor em 2011. E, pelo presidente Barack Obama, foi condecorada duas vezes – em 2010 e 2014, com a Medalha Nacional das Artes e a Medalha Presidencial da Liberdade. Essa última é a mais alta condecoração civil dos Estados Unidos.

Com tantos prêmios, tantas distinções – e tantos filmes importantes no currículo -, Meryl não precisava ser, mas é, senão modesta, uma pessoa simples. Ela ainda conversa com entusiasmo sobre suas experiências na arte da interpretação. O olho brilha, sabe como é?

É conhecida a história do teste de Meryl para o remake de King Kong, nos anos 1970. Meryl ainda não era ‘ninguém’. O produtor Dino De Laurentiis, falando em italiano com o filho, foi grosso – “Ela é feia, por que está sendo testada?” Meryl respondeu em italiano que estava sendo testada por ser uma atriz.

O magnata do cinema italiano terminou por lhe pedir desculpas, mas numa coisa estava certo. Não foi pela beleza que Meryl se impôs. Talento, personalidade, carisma. No começo de sua carreira, os críticos implicavam. Diziam que ela abusava dos sotaques, criando um para cada personagem.

A dicção, o olhar, os gestos. Meryl é uma atriz completa que domina todas as ferramentas de sua arte. Ela até canta. Não por acaso, a mais recente indicação para o Oscar, este ano, foi pelo musical Into the Woods, Caminhos da Floresta.

Drama, comédia, ação – Meryl tudo pode, tudo faz. Cada um terá seu preferido entre suas dezenas de filmes. Kramer Vs. Kramer, A Mulher do Tenente Francês, A Escolha de Sophia, Entre Dois Amores, Ironweed, As Pontes de Madison, As Horas, O Diabo Veste Prata, Mamma Mia! E, na TV, Holocausto, Freedom – A História dos EUA, Angels in America.

Bastam esses para que a aniversariante de hoje seja considerada a maior atriz do mundo. No plano doméstico, é um modelo de discrição. Casada (desde 1978) com Don Gummer, o casal tem três filhas e um filho. Em plena sociedade da imagem – e cultura do gossip -, Meryl tem conseguido se manter à margem de escândalos. Vamos cantar para ela? Happy birthday to you.