A crise, acredite, pode render momentos sublimes. Apesar de reunir em um mesmo palco os estelares Herbie Hancock ao piano e Wayne Shorter no sax, que, em 1970, estiveram ao lado de Miles Davis, a 31ª edição do festival Braziljazzfest (antigo Free Jazz, antigo Tim Festival e que hoje não conta com patrocinadores no nome) é reflexo de um bem colateral que a música sente em anos de cachês menores. Quem ganha é o músico da divisão intermediária e o público interessado em frescor.
Depois do primeiro show do dia 30 de março, com Hancock e Shorter, o palco será do quinteto instrumental Kneebody e o produtor Daedelus (Alfred Darlington), dia 2 de abril. “Tenho certeza de que acontecerá com eles o que aconteceu com artistas que mostramos primeiro no festival, como Esperanza Spalding, Trombone Shorty e Snarky Puppy”, diz o pesquisador Zuza Homem de Mello, que participou da curadoria e agora aponta o faro muitas vezes certeiro nas escalações de outros anos. O grupo Kneebody foi formado em 2001 por estudantes da Eastman School of Music, uma origem acadêmica parecida com a sensação Snarky Puppy.
No mesmo dia, o tunisiano alaudista Anouar Brahem vai trazer o jazz do norte da África com as escalas árabes tradicionais de sua região, acompanhado por um trio de clarone, baixo e percussão. Sua ficha inclui parcerias com o baixista Dave Holland (que acompanhou no disco Thimar, de 1997) e com o saxofonista norueguês Jan Garbarek.
O baterista e compositor Antonio Sanchez, que acaba de ganhar um Grammy pela trilha sonora (apenas com solos de bateria) do filme Birdman se apresenta com o grupo Migration nos dias 1º de abril, no Auditório Ibirapuera, e em 3 de abril, na parte externa do mesmo auditório, com a abertura feita com a exibição de Birdman, do diretor mexicano Alejandro Iñárritu.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.