Todos os domingos, a apresentadora Daniela Monteiro esbanja doses generosas de coragem no quadro “Caminhos da Aventura”, do “Esporte Espetacular”. Num dia, ela salta de pára-quedas no Havaí. No outro, pratica “snowboard” no Chile. Mais adiante, pula de “bungee jump” na África do Sul.
O que ninguém imagina é que essa bela gaúcha de 24 anos morre de medo de altura. A intrépida apresentadora da Globo é capaz de pular do maior “bungee jump” do mundo, com 215 m de altura, mas evita chegar perto da varanda do seu apartamento, no 21º andar de um flat na Barra da Tijuca, no Rio.
“Reconheço que sou medrosa. Mas também não sou de fraquejar diante de um medo qualquer. Gosto de superar meus limites”, garante ela.
Dani Monteiro descobriu que sofria de acrofobia da pior maneira possível: a 40 m de altura, na Nova Zelândia. A então apresentadora do “Rolé”, do Sportv, já estava devidamente paramentada para o salto, com um gigantesco cabo elástico amarrado à cintura, quando sentiu a garganta seca, as pernas trêmulas e os olhos ameaçando saltar das órbitas. “Nunca senti nada tão horroroso. Se eu não morresse estatelada lá embaixo, morreria de ataque cardíaco”, acredita. Naquele dia, Dani voltou para o hotel se sentindo “a pior das criaturas”. Mas ela não desistiu facilmente. Na mesma semana, voltou lá três vezes. Na terceira, saltou. “Voltei a me sentir gente de novo”, exagera.
Sem limites
Por isso mesmo, a ousadia de Dani Monteiro parece não ter limites. Embora se considere cautelosa, admite que já se meteu em algumas “roubadas”. Como o vôo livre e o “rafting”, uma espécie de trilha em corredeiras. “Rafting, por exemplo, é mais perigoso que ?bungee jump?. ?Bungee jump? não depende de natureza. Se houver algum erro, será humano. Já a natureza é sempre feroz e imprevisível”, enfatiza. E por mais que a natureza seja feroz e imprevisível, Dani não se cansa de experimentar novas modalidades. A mais nova delas é o “kitesurfe”, uma variação do surfe. Nela, o surfista é puxado por uma pipa gigante. Nessa brincadeira, ele pode atingir uma velocidade de 50 km/h e uma altura de 15 m. “Certos esportes são radicais por natureza. Não tem porque exagerar. Se quiser levar ao extremo, tem de ser fera. Senão…”, brinca.
Senão pode ter pontos na perna ou um tímpano estourado, por exemplo. Foi isso que aconteceu com a própria Dani enquanto ela surfava. Mas a dedicação da moça tem sido recompensada. Da geração de apresentadoras do Sportv, que desfilavam graça e coragem nas matérias do “Rolé” e do “Zona de Impacto”, Dani foi uma das poucas que se firmaram na tevê. O quadro “Caminhos da Aventura” acaba de completar um ano. E mais: a KN Vídeo, a produtora responsável pelo quadro, acaba de renovar com a Globo por mais um ano, até dezembro de 2003. “Quase pulei de alegria quando recebi a notícia. É maravilhoso saber que o programa deu certo. Eu me sinto recompensada”, vibra.
E de pensar que Dani Monteiro começou na tevê meio por acaso. Ela ainda era windsurfista quando deu uma entrevista para o programa “Tribos”, do Sportv, em outubro de 98. A certa altura, o microfone foi parar em suas mãos e, graças à desenvoltura que Deus lhe deu, ela começou a entrevistar outros atletas. Um mês depois, recebeu um telefonema de Guilherme Zattar, o diretor geral do Sportv, a convidando para fazer um teste na emissora. “Jamais pensei em fazer televisão ou coisa parecida. Gosto de levar a vida ao sabor dos ventos. Como uma boa windsurfista”, orgulha-se.
E lá se vão quatro anos desde que Dani Monteiro trocou a carreira de windsurfista pela de apresentadora de tevê. No Sportv, ela continuou até outubro de 2001, quando aproveitou o troca-troca na direção do canal para partir para outra. Mas a moça não ficou muito tempo desempregada. Logo, a KN Vídeo, a mesma produtora do “Rolé” e “Zona de Impacto”, sugeriu o nome da intrépida windsurfista para apresentar um quadro de esportes radicais no até então bem-comportado “Esporte Espetacular”. “Sucesso é um conceito muito relativo. Sucesso é ser feliz naquilo que você faz”, define.