No Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, a Galeria de Valores é onde, há dois anos, está montada uma exposição permanente sobre a história do dinheiro, criada a partir do acervo de notas e moedas do Banco do Brasil. Fica no quarto andar do prédio histórico da Rua Primeiro de Março, no centro – e costuma receber crianças em excursão.

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No segundo andar, o jovem artista plástico Matheus Rocha Pitta montou a sua própria galeria, e com seus próprios valores. Ele escolheu dar o nome “Galeria de Valores à mostra”, na novíssima Sala A Contemporânea desde a semana passada, justamente para brincar com o perfil do edifício, inaugurado como sede da Associação Comercial, em 1906, e depois transformado em Banco do Brasil.

É a primeira individual numa instituição deste porte do mineiro de 30 anos, cujo nome há dez ressoa no circuito das artes. No período, ele se mudou para o Rio e estudou História e Filosofia. São trabalhos inéditos, que Rocha Pitta desenvolveu de 2007 para cá e que discutem questões como a relação entre o dinheiro e a fé. Os nomes das obras aludem à vocação da casa: Fundo Falso, Fundos Reais, Jazida.

Na entrada, pilhas altas de rolos de filme velhos, que ele conseguiu na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio, fazem as vezes de uma coleção de moedas gigantescas, de dimensões variadas. Mais à frente, está o oratório de Rocha Pitta, no qual a imagem de santos é substituída pela de notas de dinheiro e notícias de jornal de casos de corrupção em que grandes quantias são apreendidas pela polícia, recortadas pequenininho, que ele coleciona há tempos. A estrutura é de uma carcaça de TV, e a aparência é de uma caverna, já que o que sobrou do sistema da TV foi recoberto de cimento.

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Num terceiro ambiente, vídeos em sete monitores de segurança esquadrinham notas de R$ 1, R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20 e R$ 50 e R$ 100, expondo os detalhes, bem de perto, que as fazem verdadeiras – mas que, olhados isoladamente, as tornam irreconhecíveis. Ao lado, está a obra principal da mostra, uma escadaria cujos degraus são formados por blocos de isopor recobertos por notas falsas. Do alto do último degrau, olha-se para baixo e vê-se uma fonte dos desejos, onde os visitantes jogam moedas.

A nova galeria – aberta para dar visibilidade à produção de jovens artistas brasileiros de talento reconhecido – tem curadoria de Mauro Saraiva e já conta com exposições programadas até junho de 2011: o revezamento começou com Mariana Manhães e Matheus fica até 7 de novembro; em seguida, vêm Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta e Marilá Dardot. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Galeria de Valores – Sala A Contemporânea – CCBB Rio (Rua Primeiro de Março, 66). Até 07/11. De terça a domingo, das 10 às 21h. Grátis