A cidade é sempre uma tentativa de paisagem para Evandro Carlos Jardim. “Não há compromisso forte com a verossimilhança dos lugares, mas captar uma atmosfera, seu entorno, aquele invisível que fica guardado no visível, o ícone, a terceira imagem”, diz o artista no Masp em frente de uma parede com mais de 60 gravuras de uma série a qual ele se dedica desde a década de 1970 até hoje.
É que nas criações de Carlos Jardim, em campos diversos como o gráfico, o pictórico, o escultórico e até o fotográfico, um repertório comum de figuras se faz presente: elas vão e voltam ao longo dos anos e em diferentes obras, juntam-se ou isolam-se, ficam coloridas ou em preto e branco. Enfim, deixam de ser simples representação para se transformar em entidades metafóricas. É o que se pode ver na ampla e bela exposição que o artista apresenta a partir de hoje para o público no Masp.
Em 1973, Evandro Carlos Jardim, hoje, com 75 anos, exibiu no mesmo museu a mostra A Noite, No Quarto de Cima, O Cruzeiro do Sul, Lat. Sul 23º32’36” Long.W.GR. 46º37’59, com curadoria de Pietro Maria Bardi. Agora, o artista faz revisão dessas criações, apresentando os originais daquela exposição emblemática (em que seus trabalhos foram expostos nos cavaletes de vidro criados pela arquiteta Lina Bo Bardi) junto de obras novas – muitas delas, inéditas. Entretanto, esse diálogo entre os tempos se faz de maneira natural, porque é uma característica da produção do artista o ir e vir dentro de uma poética muito própria. Sendo assim, tanto em gravuras como em pinturas estão registros interpretados, como diz o artista, de acontecimentos que colheu na paisagem da cidade São Paulo, a partir de visões de cenas de caráter afetivo e íntimo também e criações de naturezas-mortas.
Além das 250 obras presentes na exposição, o artista produziu em parceria com a Imprensa Oficial do Estado um pequeno livro (plaquete) com 20 imagens impressas em dois tons de preto, edição com projeto gráfico do fotógrafo João Luiz Musa. Também dentro da mostra, Carlos Jardim oferece conjunto de gravuras originais para serem manuseadas pelo público entre as várias atividades que serão feitas pelo serviço educativo do Masp, coordenado por Paulo Portella. Em uma vitrine estará obra feita em 1971 pelo artista, um diploma oferecido a uma autoridade do Governo Federal, a pedido de Bardi e com texto de Wesley Duke Lee. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Evandro Carlos Jardim – Masp (Av. Paulista, 1.578). Tel. (011) 3251-5644. 11h/18h. (5ª, 11h/20; fecha 2ª). R$ 15. (3ª grátis). Até 15/08.