No fim do ano, quando começaram a surgir as listas de melhores da crítica dos EUA, havia uma polarização na escolha da melhor atriz. Os críticos dividiam-se entre Cate Blanchett, por Blue Jasmine, e Emma Thompson, por Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Somente a partir do Globo de Ouro cristalizou-se o favoritismo de Cate, e hoje ninguém duvida de que ela ganhará o Oscar no domingo, 02, pelo filme de Woody Allen. Emma, porém, não seria menos merecedora do prêmio da Academia. As duas já venceram – Cate, como melhor coadjuvante, por O Aviador, de Martin Scorsese. Emma, como melhor roteirista, pela adaptação de Razão e Sensibilidade, de Jane Austen (para Ang Lee).

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Walt nos Bastidores de Mary Poppins coloca Tom Hanks na pele do lendário Walt Disney e reconstitui as brigas dele com a australiana P.L. – Pamela Lyndon – Travers, autora do livro que inspirou o filme famoso. O filme toma liberdades com o que realmente se passou. Travers resistiu a vender os direitos e a aceitar as mudanças que Disney queria fazer. Existe farta documentação que prova que as dissensões artísticas dos dois foram resolvidas por meio de memorandos, e não no tête-à-tête que domina a produção. Preocupado em narrar o processo criativo da obra cultuada, o diretor John Lee Hancock minimiza e até omite detalhes que renderiam um filme talvez mais picante.

P.L. foi amante de um dramaturgo casado, integrava um grupo de lésbicas e anunciou que iria adotar par de gêmeos. Na hora H, separou os irmãos e ficou apenas com um. Nada muito adequado para um enredo familiar da Disney, mas o filme, dentro do seu foco, tem qualidades e Emma e Hanks – ele, usando uma barbicha – mantêm o público ligado. Walt nos Bastidores de Mary Poppins estreia na sexta, dia 7. O interessante é que a Disney está lançando, em Blu-Ray, a versão de colecionador do clássico de 1964. São 50 anos do filme de Robert Stevenson.

A personagem virou a versão definitiva da governanta inglesa no cinema (mais que a Deborah Kerr de Os Inocentes, de Jack Clayton). Habita numa nuvem, com aquele guarda-chuva que lhe permite voar e carrega sempre uma sacola sem fundo. No começo, um pai ocupado, sem tempo para os filhos, busca uma governanta para cuidar deles. A mãe é omissa e as crianças sonham com alguém que lhes proporcione divertimento. Mary Poppins o faz e como! Com seu amigo Dick Van Dyke, ela chega a conduzir as crianças por um mundo de magia. Esse mundo ‘paralelo’ é criado por meio de animação, que se integra à live action.

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Uma história de bastidores contribuiu para a aura do filme – Julie Andrews foi preterida pela Warner na superprodução musical My Fair Lady, que impusera seu nome na Broadway. My Fair Lady ganhou os Oscars de filme e direção, mas Audrey Hepburn, que ficou com o papel, viu a rival ganhar o prêmio da Academia por Mary Poppins. O filme – musical – também venceu os prêmios de montagem, efeitos visuais, trilha e canção (Chim-Chim-Cheree). A dança dos pinguins e o número Supercalifragilisticexpialidocious continuam novos como na época em que surgiram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.