Marília Vargas lança CD na Oficina de Música

Marília Vargas canta quando sente encanto, reverberando sentimentos e emoções em uma voz que se projeta em todos os sentidos. Ela nasceu em Curitiba e hoje é uma cidadã do mundo: mora na Suíça há 15 anos, tem casa em São Paulo, já visitou 63 países, mas volta à capital mais fria do Brasil sempre que pode. O próximo retorno será nesta semana, quando ela lança o seu segundo CD solo, Tempo breve que passaste, de modinhas brasileiras.

O recital com um repertório inédito de compositores paranaenses terá ainda a presença de Ricardo Kanji (flautas) e Guilherme de Camargo (violão e viola) em um dos eventos que integra a programação da Oficina de Música na noite desta terça-feira, dia 18.

Quando Marília, Guilherme e Ricardo sentaram juntos para a escolha do que estaria no trabalho, o que arrebatou primeiro foi o ciclo de doze árias Marília de Dirceu, sobre poemas de Tomás Antonio Gonzaga, “a parte central do disco” realça a soprano. A obra foi musicada dentro do contexto poético e musical da modinha portuguesa do final do século 18, pouco gravada no País.

Como músicas de salão do final do século 19, as modinhas do trio tem arranjos com pianoforte, flautas, violoncelos, guitarras e violões diversos. “É um disco colorido”, diz ela. Também estão registradas no CD obras do modinheiro luso-brasileiro e peças instrumentais, como o Vilão do Tom (Codex Gulbenkian) e o Landum (recolhido por Von Martius).

Abrindo o leque

Há três anos, Marília decidiu voltar as atenções para uma discografia solo mais intensa. Depois de gravar o primeiro disco, Todo amor desta terra, canções paranaenses (2009), a vontade era de abrir o leque da música brasileira. “As modinhas tinham a ver com o estilo mais de época com o qual eu trabalho”.

Mais pinceladas da alma do que desenho linear da melodia, a cantora dá um tom leve – sem ser superficial – à obra como um todo: “É um disco bem gostoso. A melancolia de Marília de Dirceu contrasta com o brejeiro e o humor refinado das outras músicas”.

O gosto pelas viagens, “sou cigana, viajo por trabalho e por prazer”, faz de Marília uma pessoa profundamente interessada pela cultura e história de outros países. Cita o Vietnã, a Tailândia e a China como os preferidos, mas admite que tem verdadeira adoração pelo último. Sempre que pode percorre as ruas à procura de discos de música local. “Gosto de colher coisas para a minha vida. Aprender a ouvir e ver o bonito ali”.

Aliás, a beleza é um adjetivo que move as ações de Marília. Mesmo quando ouve algo em um idioma que não conhece, procura enxergar com os ouvidos o significado das canções. “Quando canto a palavra amor, vou colorir ela com a minha voz, como meu canto de maneira que, mesmo quem não entenda a língua tenha a sensação do que essa palavra transmite”.

Serviço

Modinhas brasileiras.Show com Marília Vargas (soprano), Ricardo Kanji (flauta traverso) e Guilherme de Camargo (violão e viola de arame). Ingressos: R$15 ou R$7,50 (mais 1kg um quilo de alimento não-perecível) e gratuito para alunos da Oficina de Música. Nesta terça-feira, às 18h, no Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189, centro de Curitiba).

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