Maria Fernanda Cândido estreia como vilã no teatro

Pela primeira, Maria Fernanda Cândido vai interpretar uma vilã. A atriz vai viver a maquiavélica Marquesa de Merteuil, um dos mais terríveis papéis da literatura universal. A partir de sábado, ela protagoniza “Ligações Perigosas”, adaptação de Christopher Hampton para o romance de Choderlos de Laclos, que chega ao Teatro Faap, em São Paulo. Nos anos 1980, a história dos sádicos amantes ganhou fama renovada após estrear nas telas pelas mãos de Stephen Frears. O filme mereceu sete indicações para o Oscar, arrebatou três estatuetas. E, ainda hoje, grande parte do público traz na memória a imagem de Glenn Close, que se sagrou como a própria encarnação do mal.

A Merteuil que Maria Fernanda construiu para si é diferente. Sua perfídia não é explícita. Não aparece em trejeitos ou no tom de voz. “Pensei em alguém que não tivesse uma imagem pública de vilã, que não estivesse identificada com esse rótulo”, comenta o diretor, Mauro Baptista Vedia. E é assim que a atriz diz ter conduzido sua personagem.

Suas referências passam ao largo da Bette Davis, de “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” ou de outras tiranas clássicas. Sem os traços típicos das malvadas, espelhou-se antes na altivez das antigas divas Catherine Deneuve e Gena Rowlands. “Merteuil não é uma bruxa má. É uma mulher aristocrática, inteligente. Sua maldade está na dissimulação. E por isso mesmo não poderia ser caricatural”, defende.

Na trama, que se passa às vésperas da Revolução Francesa, cabe a Marquesa conduzir todos a sua volta à ruína. “Ela não é só má. Sente prazer na perversidade e passa por cima de tudo para conseguir o que quer”, acredita a atriz. Com o intuito de se vingar do ex-amante, não hesita em desgraçar a jovem Cecile de Volange (Laura Neiva). Para isso, une-se ao inescrupuloso Visconde de Valmont (Marat Descartes), que também seduz a virtuosa Madame de Tourvel (Sabrina Greve), unicamente pelo prazer da conquista. “Mas Valmont não passa de um títere nas mãos dela”, opina o diretor.

Foi o papel da italiana Paola, na novela “Terra Nostra”, que revelou Maria Fernanda. Comparada a Sophia Loren, conquistou uma sequência de personagens na televisão, no cinema e, ocasionalmente, no teatro. Todas boazinhas. Até como amante – recentemente interpretou o pivô da separação de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira na minissérie “Dalva e Herivelto” – Maria Fernanda conseguiu manter a aura. E não foi diferente nos trabalhos mais recentes que o público ainda não viu: tanto na série “Afinal, o Que Querem as Mulheres”, que Luiz Fernando Carvalho estreia na Globo em novembro, quanto em “Aparecida – O Milagre”, novo longa de Tizuka Yamazaki, ela encarnará figuras triviais, pautadas pela correção de caráter. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ligações Perigosas – Teatro Faap (Rua Alagoas, 903, Higienópolis). Tel. (011) 3662-7232. Sexta, às 21h30; sábado, às 21h; domingo, às 18h. R$ 70 e R$ 80. Até abril. Estreia sábado.

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