Foi um sonho. É assim que Maria Clara Gueiros justifica ter ido parar em Minha nada mole vida, da Globo, onde interpreta a Silvana e divide a cena com Luiz Fernando Guimarães. Bem-humorada, Maria Clara lembra que o convite para o seriado foi feito pelo ator, depois de ter sonhado com ela. Maria Clara ainda acrescenta que o próprio Luiz fez de tudo para viabilizar sua escalação na série, que termina no próximo dia 26 de maio. Foi Luiz quem pediu à direção da emissora o desligamento temporário da atriz do Zorra Total, humorístico que a projetou nacionalmente como Laura, dona do bordão "vem cá, eu te conheço?". "Não tinha como recusar. É como perguntar se macaco quer banana", compara, entre risos.
P – O público já se acostumou com a Silvana, do Minha nada mole vida, ou ainda a aborda como se você fosse a Laura, do Zorra Total?
R – O assédio ainda é ligado ao Zorra Total. Os telespectadores me tratam como se ainda fosse a Laura, embora já não a faça há algum tempo, todos ainda me associam a Laura. Virou uma referência. O bordão "vem cá, eu te conheço?", aliás, pegou mesmo. Está realmente entranhado no inconsciente das pessoas.
P – E incomoda você ficar associada à personagem do humorístico?
R – Não, de forma alguma. O engraçado é que as pessoas que me abordam nas ruas costumam repetir o bordão para mim. Chego a ficar com vergonha. Elas falam o bordão e eu fico sem ação, pois elas querem uma resposta. Mas vou falar o quê? Será que elas não têm uma outra forma de me abordar? Além disso, algumas pessoas que me encontram fazem de tudo para que eu repita o bordão. Elas me provocam para o surgimento da Laura, querem que eu mande o "vem cá, eu te conheço?". Só que isso não vai acontecer. Mesmo assim, sou atenciosa com todos. Se a gente demonstra uma certa distância e não é cortês, as pessoas vão logo dizer que aquela moça engraçada na tevê não é nada daquilo, é metida, antipática…
P – O que tem de mais interessante para você fazer a divorciada Silvana no Minha nada mole vida?
R – Primeiramente, estou tendo a possibilidade de, como atriz, fazer um humor distinto do que vinha realizando no Zorra. São "universos" completamente diferentes. No seriado, aliás, a comicidade dos personagens é bem mais contida, mas sem esquecer de adicionar uma boa dose de sarcasmo. É o caso da Silvana, por exemplo, uma mulher destemperada e irônica, mas que também tem um lado bem sonso. O mais bacana na série também é o fato de improvisarmos bastante, que dá um frescor a mais às histórias.
P – A temporada do Minha nada mole vida está terminando. Você vai voltar ao Zorra Total?
R – Provavelmente, sim. É a ordem natural das coisas. Tenho o maior carinho pelo programa, já que foi pelo meu trabalho lá que passei a ser reconhecida, depois de mais de 19 anos de carreira. Mas, na verdade, a gente nunca sabe o que vai realmente acontecer. Fico esperando uma decisão da emissora.
P – Antes do Zorra Total, você fez participações em O Clone e em Mulheres Apaixonadas. Você gostaria de fazer novelas novamente?
R – Por que não? Quero fazer coisas diferentes na tevê. É sempre bom mudar, poder variar. Ter participado do seriado mostrou que isso é muito bom para minha carreira. Além do mais, é um outro tipo de humor, bem diferente do Zorra, que tem o bordão sempre pontuando e é muito delicado, pois é preciso saber até que ponto esse bordão já não se desgastou e até onde o público ainda está gostando.
* Minha nada mole vida, Globo, 23h10, às sextas-feiras.
