Mari Miranda não pára

Maria Leocádia Miranda Vaine com certeza é um exemplo de vida para todas as pessoas. Com 90 anos de idade, esta senhora que esbanja simpatia, bondade e alegria foi uma das precursoras do rádio paranaense. Com 13 anos de idade ela já cantava pelas ondas da Rádio PRB2, a Rádio Clube Paranaense. ?Eu adorava cantar e cantava sempre por todos os cantos da casa. Um dia o meu vizinho, que era maestro, resolveu me convidar para participar da sua orquestra, que se apresentava em programas da PRB2?, conta Mari Miranda, como era conhecida na época. Com uma memória de dar inveja a qualquer um, Mari conta com alegria e saudades da época de ouro do rádio. ?Cantei durante seis anos na rádio. Cantava músicas românticas e italianas, e fazia muito sucesso.

?Depois me casei e fui me dedicar à minha família.? Mari tem sete filhos biológicos e oito adotivos. ?Graças a Deus eu criei e encaminhei todos eles com muito amor?, diz. De todos os filhos de Mari, apenas Lia Teresinha seguiu a linha da mãe. Ela é pianista e compôs sua primeira música aos 10 anos de idade. ?Escrevemos várias músicas juntas, inclusive uma em homenagem a Brasília, que enviamos ao presidente Juscelino Kubitschek, que nos agradeceu?, lembra ela cantando a letra da música, sem errar um refrão. Já na década de 60 Mari Miranda, depois de encerrar a sua carreira de cantora de rádio, começou a se dedicar a ajudar as pessoas carentes. ?Eu tinha um grupo de amigas que se reunia todas as tardes para um lanche. E, um dia estávamos numa dessas reuniões e começou a passar na televisão casos de crianças abandonadas que eram jogadas no lixo, então eu falei às minhas amigas, por que não fazemos alguma coisa para ajudar essas crianças, ao invés de ficarmos aqui fazendo lanche?? Foi desse grupo de cinco senhoras que surgiu a Pupileira, uma instituição para ajudar as gestantes adolescentes, que não tinham condições de criar seus filhos, e as crianças de rua a achar uma família. ?Vinham famílias do mundo e do País inteiro para adotar as crianças. Eu mesma cheguei a levar algumas delas de avião para seus novos pais?, conta Mari, que foi apelidada de cegonha, na época. A Pupileira existe até hoje e no mesmo lugar, na Rua Engenheiros Rebouças, mas não trabalha mais com adoção, agora presta serviços de assistência social. ?Trabalho lá até hoje. Todas as terças-feiras eu levo cesta básica, leite e fraldas. Eu adoro ajudar os outros.? Com voz firme e disposição sobrando, Mari tem a agenda lotada de compromissos.

Faz parte de várias associações, dos talentos da maioridade, é voluntária na Igreja Universal do Reino de Deus, é convidada para dar entrevistas e recebe homenagens. ?Não tenho tempo de piscar o olho, a ?veinha? aqui está em todas?, brinca ela. Em agosto de 2000, Mari Miranda gravou seu primeiro CD, aos 85 anos de idade. ?Estava passando por uma fase difícil, meio em depressão, então voltei a cantar.? O CD Maria Leocádia – Memórias do passado contém músicas românticas, como Lua branca, de Chiquinha Gonzaga e A noite do meu bem, de Dolores Duran.

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