Mareliz Rodrigues prefere fazer novelas de época, mesmo sem jamais ter atuado numa contemporânea. A atriz valoriza a oportunidade de estudar fatos e costumes do passado e ainda teve a sorte de se deparar com períodos e lugares distintos em seus dois trabalhos na tevê. Em Esperança, quando interpretou Isabela, a trama se passava em São Paulo, na década de 30. Agora ela está no Rio de Janeiro de 1918 na pele de Pequetita em Cabocla. “Cada trabalho de época é um horizonte novo que se abre e, com isso, uma forma de ganhar mais cultura”, valoriza.
Mareliz ainda ganhou uma personagem bem diferente da anterior. Ao contrário de Isabela, menina simples e pura, Pequetita é uma mulher rica, elegante e até um pouco avançada para a época. “O mais interessante é ela ser a antítese da Cabocla. A pretendente ideal para o Luís Jerônimo, já que tem o mesmo nível dele. Mas o amor não é racional”, analisa a atriz, referindo-se aos protagonistas da trama interpretados por Vanessa Giácomo e Daniel de Oliveira.
Outra prova da irracionalidade do amor é que Pequetita se apaixonou pelo próprio pai de Luís Jerônimo, interpretado por Reginaldo Faria. Praticamente todas as cenas de Mareliz em Cabocla são ao lado do ator, o que, inclusive, a deixou um pouco apreensiva antes do início das gravações. “Acompanho a carreira do Reginaldo desde pequena e, além de admirá-lo, existe uma enorme diferença de experiência entre nós. Pensei: como vou ser recebida por ele?”, explica a atriz de 33 anos, que relaxou logo no primeiro ensaio.
Tio Benedito
Sobrinha do autor da novela, Benedito Ruy Barbosa, Mareliz não parece se sentir em posição desconfortável dentro e fora das gravações. Ela tem certeza de que conseguiu os papéis em Esperança e Cabocla porque foi aprovada pela direção. “Meu tio é um profissional sério. Ele apenas me indica para o teste”, justifica Mareliz, que acredita já ter tido provas da seriedade de Benedito. Nas duas novelas, a atriz não passou nos primeiros testes. Em Esperança, disputou o papel da professorinha Beatriz, que acabou ficando com Míriam Freeland. Só depois fez o teste para Isabela. Agora, perdeu o papel de Tina para Maria Flor, mas ganhou Pequetita sem ser avaliada novamente. “Por um lado fiquei chateada, mas por outro me sinto segura de saber que, se não estou apta para fazer um personagem, não faço”, conclui.
Mareliz também não parece muito preocupada com a possibilidade de só conseguir papéis em novelas do tio, o que acarretaria uma inevitável entressafra. Não lhe falta trabalho fora da tevê. Bailarina profissional, Mareliz monta coreografias de peças teatrais, faz dublagem e dá aulas de teatro musical para adultos e de interpretação em vídeo para crianças e adolescentes na Escola de Artes Andréa Avancini, no Rio. “O ator precisa estar sempre buscando outras frentes. Esse mercado é muito difícil”, lamenta.