Aos 35 anos, o ator Márcio Garcia experimenta um momento dos mais férteis em sua carreira. Há pouco mais de um ano na Record, ele vem acumulando diversas funções. Ao mesmo tempo em que dá expediente na série Avassaladoras, Márcio também comanda o programa O Melhor do Brasil, nas tardes de sábado e, eventualmente, aparece através de participações especiais, como fez nos primeiros capítulos de Prova de Amor. Não obstante, ele é co-produtor da série, ainda que prefira dar ênfase a sua atuação como ator. ?Apesar de participar como produtor e de dar opiniões, meu trabalho é como ator. Mas todo mundo quer a mesma coisa: qualidade e realização profissional?, avalia.

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O convite para participar de Avassaladoras veio em boa hora para Márcio. Isso porque seria difícil conciliar a apresentação do programa com o trabalho em uma novela, por exemplo, que dura oito meses ou mais. Já as gravações de uma série como Avassaladoras, por exemplo, que terá 22 episódios, são finalizadas em cerca de quatro meses. Mas, apesar de durar menos tempo, o trabalho é árduo como em uma novela. Segundo o ator, a rotina de gravações da série exigiu cerca de 12 horas de trabalho por dia, seis vezes por semana. ?Ainda assim, a gente fez tudo com alegria, com a certeza de estar fazendo um produto bacana?, acredita.

 As semelhanças com o trabalho em uma novela terminam no esforço exigido. Para Márcio, a linguagem de um seriado no estilo das séries da tevê americana é bem diferente da narrativa de um folhetim tipicamente brasileiro. Ele aprova o exercício estilístico que vem sendo experimentado em Avassaladoras, tanto pelo tom de comédia empregado quanto por elementos como a presença de um narrador, no caso, o personagem Caíque, vivido por ele próprio. ?É uma dinâmica um pouco diferente. Na novela, por ser uma obra aberta e muito grande, o personagem está sujeito a mudanças?, define.

 Além de narrar a história, o personagem de Márcio Garcia é praticamente um contraponto masculino em uma trama essencialmente feminina. Nada que incomode o ator. Ao contrário, ele se diverte tanto com as situações provocadas por quatro mulheres solteiras na faixa dos trinta anos, quanto por, ao narrar os episódios, tentar traduzir esse universo feminino. Tarefa, aliás, que ele não considera das mais fáceis. ?Entender a cabeça da mulher é meio difícil. Pode soar como piada, mas o universo feminino é muito complexo e nós, homens, ainda não somos capazes de entendê-lo?, filosofa.

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 Se é difícil entender a cabeça das mulheres, mais difícil é tomar uma decisão profissional que implique em riscos. Foi o caso da opção que Márcio tomou ao trocar a Globo pela Record, em 2004. Isso depois de dez anos na emissora de Roberto Marinho e vindo de uma atuação que teve boa repercussão, como o ?michê? Marcos, de Celebridade, em 2003. Na ocasião, Márcio apostou na liberdade de alternar sua participação nas novelas da Record com a possibilidade de ter um novo programa na Globo, ele já apresentara o Gente Inocente. Apesar de guardar boas lembranças da antiga emissora, o ator não se arrepende da decisão. ?Estou aqui há mais de um ano e não foi uma decisão fácil. Dez anos são dez anos, você faz amigos, se relaciona…?, pondera.

 Um dos aspectos que pesaram na opção pela mudança foi a perspectiva de arriscar novos projetos. O primeiro ?vôo solo? do ator em sua fase pós-Globo foi o ?reality show? Sem Saída, em parceria com o canal por assinatura Fox e com exibição também na Record. A mesma parceria tripla é a responsável, agora, pela produção de Avassaladoras, que também conta com a participação da produtora Total Filmes. Essa associação com produtoras independentes é, para Márcio, uma aposta certa para o futuro. ?Estou prestes a me associar à Total Filmes. Já estamos falando em casamento e até já temos outros projetos em vista?, adianta.

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