Marcado pelos papéis de bom-moço, Tony Ramos faz sucesso como vilão Zé Maria

Não se deixe levar pelo bom-mocismo de muitos personagens que marcaram a carreira de Tony Ramos. Ao longo de 51 anos de carreira de TV, além de cinema e teatro, o ator de 67 anos colecionou também papéis cheios de nuances, sejam com personalidades não totalmente más, mas com desvios de caráter, sejam esculpidos pela mais pura vilania. Em 1998, Tony já havia chocado a audiência na pele de Clementino, que matava a mulher e o amante com uma pá de obra em punho na novela Torre de Babel, de Silvio de Abreu. Agora, Tony volta a causar arrepios no público com Zé Maria, o maior vilão de sua trajetória, na novela das 9, A Regra do Jogo, de João Emanuel Carneiro.

No início da novela, Zé Maria até enganou – propositalmente – por algum tempo como um trabalhador esforçado, marido zeloso de Djanira (Cássia Kiss) e pai amoroso de Juliano (Cauã Reymond), o que fazia dele um homem acima de qualquer suspeita e, portanto, acusado injustamente de criminoso. Mas a farsa do personagem não se sustentou e ele se revelou para o público um assassino, membro de uma facção e participante de uma chacina.

“O mais importante para mim era apenas ter uma noção científica de como funciona essa cabeça de quem tem uma família, quer preservá-la, mas que, ao mesmo tempo, enlouquecidamente quer acabar com o Romero (Alexandre Nero). Mata e, ‘próximo tópico, o que vamos discutir?, com uma frieza de um executivo fazendo negócio”, descreve Tony, que diz não ter se inspirado em nenhum personagem da literatura ou do cinema.

Sobre o real caráter de Zé Maria, a dúvida plantada pelo texto de João Emanuel logo ali no início precisava de um talento como o de Tony Ramos, que trabalhasse em camadas na atuação – e que sustentasse até as últimas consequências a imagem de um pobre injustiçado como máscara de uma mente insana e criminosa.

No último sábado, Zé Maria participou de um jogo de cena em que a mulher Djanira foi morta com um tiro no peito. Com vários personagens no recinto, entre mocinhos e bandidos, o próprio Zé Maria é um dos suspeitos – será que quem mata pode mesmo amar, como seu personagem já disse num diálogo revelador com o rival Romero? Numa atmosfera, digamos, mais amena, Tony pode ser visto também à tarde, na reprise de Caminho das Índias (2009), sucesso de Gloria Perez, em que vive o religioso Opash – que, segundo o próprio ator, entrou para seu rol de papéis especiais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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