Para comemorar as festas de fim de ano, a Nars criou uma coleção inusitada. A marca se uniu com a historiadora Wendy Grossman, ph.D e especialista no trabalho de Man Ray, para criar uma linha inspirada pelo artista surrealista, que trabalhou com cinema, fotografia e pintura em sua vida. Wendy é responsável pelas mais famosas obras sobre a trajetória do artista e autora do livro Man Ray, African Art, and the Modernist Lens e ajudou a Nars a refletir e compreender como o trabalho do artista poderia ser traduzido ao universo da maquiagem.

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Um dos pontos de partida da coleção foi a constante inspiração que Man Ray tinha em suas musas. “As mulheres mais significantes na vida do artista foram Kiki de Montparnasse (Alice Prin), Lee Miller, Adrienne Fidelin e Juliet (Browner) Man Ray”, explica Wendy. Ela enumerou a importância de cada mulher no trabalho do pintor: “Kiki e Lee foram os rostos – e corpos- das imagens mais icônicas do artista entre os anos 1920 e 1930. Fidelin foi sua modelo, musa e amante desde 1936 até quando ele foi sair da França, por conta da invasão alemã. E Juliet, que se tornou sua esposa em 1956, continuou como modelo do artista até sua morte, em 1976”.

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“Muitas das fotografias de Man Ray fizeram sucesso pela forma em que suas imagens etéreas, de outro mundo, operam no limite de uma beleza misteriosa e subversiva – em vez de clássica”, explica a historiadora. “Representações enigmáticas da forma feminina se tornaram a chave para o seu sucesso, em todas as esferas de empreendimento criativo”.

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O artista viveu em Nova York em boa parte da sua vida, mas mudou-se para França em 1921. No país, ele se tornou fotógrafo de diversas maisons de luxo, como Lanvin, Chanel e Schiaparelli. “Ele trouxe ideias e estéticas avant-garde para uma audiência mainstream”, contou Wendy. “A maneira com que ele borrou as linhas entre o trabalho comercial e a fotografia de arte foram pioneiras e o resultado é observado até hoje no mundo da moda”. Inclusive, Adrienne Fidelin se tornou a primeira modelo negra a ser publicada em uma grande revista de moda, a Harper Bazaar, em 1937, por conta de um retrato tirado por Man Ray.

Com esse background com o seu trabalho com mulheres e moda, o artista se torna um colaborador perfeito para a marca de maquiagem Nars, que o homenageia em uma coleção com 3 kits de produtos, um iluminador e uma paleta de sombras – todos com fórmulas exclusivas, menos os tons queridinhos da marca, como Orgasm e Endengered Red. Imagens icônicas de Man Ray, como “Mode au Congo” e “Noire et Blanche” se tornaram parte das embalagens da linha, além dos lábios dourados de Lee Miller, que foram eternizados em algumas obras do artista, presentes em todos os produtos. “A coleção representa temas e elementos presentes no trabalho de Man Ray, como a sensualidade, a sagacidade, a inovação e um sex appeal surrealista”, conta Wendy. Os produtos da coleção limitada da Nars chegam às lojas Sephora em dezembro e possuem preços que vão de 149 até 299 reais.