Maratona Stanley Kubrick é aposta certeira no CineSesc

Num festival gigantesco, você pode escolher entre valores seguros e o risco. Eventualmente, mesclá-los. Mas às vezes vai ter de eleger um em detrimento de outro. Em termos de valores seguros, nenhum é maior do que a maratona Stanley Kubrick, exibida nesta sexta-feira, 18, no CineSesc. Das 15h até umas 2h da madrugada, você pode ver, ou rever, filmes espetaculares como “Dr. Fantástico”, “O Iluminado”, “Barry Lyndon” e “De Olhos Bem Fechados”.

“Dr. Fantástico” é uma comédia antibélica, na qual a chave do humor apenas intensifica a crítica corrosiva. Peter Sellers faz vários personagens, incluindo o mais notável, o cientista alemão, nazista reciclado em falcão americano da Guerra Fria. A ideia de base é que o militarismo tem uma lógica interna que, fatalmente, conduz à guerra.

Em seguida, o notável “O Iluminado”, tirado de um livro um tanto banal de Stephen King. Talvez seja o melhor filme de terror de todos os tempos, caso coubesse nesse rótulo que engloba do trash ao kitsch, incluindo o gótico. Na verdade, Kubrick transcende o gênero com a história da desagregação mental do escritor Jack Torrance (Jack Nicholson). Formidáveis cenas de suspense no Overlook Hotel, onde Torrance se confina com mulher e filho, durante o inverno, para tentar escrever seu romance.

“Barry Lyndon”, baseado em William Thackeray, narra as aventuras do arrivista que consegue ascender à aristocracia graças aos seus talentos de alcova. Um filme de pintor, com Kubrick inspirando-se na iluminação das telas dos mestres holandeses para compor cenas de beleza refinada. Mal recebido na época. Isto é, o público não estava à altura do filme.

Por fim, “De Olhos Bem Fechados”, recriação de “Pequeno Romance de Sonho”, de Arthur Schnitzler, com Tom Cruise e Nicole Kidman fazendo os papéis de suas vidas. Formam o casal desestabilizado quando ela confessa sentir atração sexual por outro homem. Kubrick capricha no tom onírico e irrealista, tendo sido mais uma vez criticado por quem só compreende o cinema preso à cartilha estrita do realismo. Último filme do grande diretor, uma brilhante saída de cena. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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