Marat Descartes é homenageado na mostra Tiradentes

Seu bisavô era tão louco pela Revolução Francesa que deu aos filhos os nomes dos que a fizeram – Marat, Robespierre… Marat Descartes herdou o nome do tio/avô. Aos 38 anos – nasceu em 17 de maio de 1975 -, ele já possui um alentado currículo de ator. Teatro, TV e cinema – Marat é multimídia. Há um par de anos, esteve em Tiradentes. Participou de uma mesa discutindo o ofício de ator, naquele ano em que o festival homenageava Selton Mello. Mal sabia Marat que pouco tempo depois teria de tomar o caminho das Gerais para receber a própria homenagem.

Marat Descartes é o homenageado da 17.ª Mostra de Tiradentes. O evento que começa na sexta-feira, 24, na cidade histórica de Minas é o primeiro dos três que a Universo Produção realiza ao longo do ano. São festivais interligados. Tiradentes, em janeiro, celebra os novos talentos e a investigação de linguagem – a menina dos olhos é a mostra competitiva Aurora, que atrai olheiros dos mais importantes eventos do mundo.

A Semana da Crítica de Cannes todo ano manda seu representante. Mais tarde, em junho, virá o Festival de Ouro Preto, que celebra a memória, o cinema de arquivo. Este ano, por causa da Copa, Ouro Preto vai começar mais cedo, no fim de maio. E, mais para o fim do ano, em outubro, haverá a Mostra Cine BH, que discute o mercado (e as novidades do cinema mundial). Uma só produtora cultural mapeia todo o cinema, no Brasil e no mundo. Não é pouca coisa.

A homenagem a Marat consta de um troféu – claro – e da exibição de dois filmes inéditos logo na sexta-feira, o curta A Caminho de Casa, de Paula Szutan e Renata Terra, e o longa Quando Eu Era Vivo, de Marco Dutra. No dia seguinte, Marat participa de uma mesa-redonda com a atriz Paula Cohen e os diretores Gustavo Galvão e Marco Dutra. Preparando-se para a maratona -e as emoções -, ele descansa na praia de Picinguaba, perto de Paraty, com a segunda mulher, a bailarina Gisele Calazans, e as três filhas – Lígia, a mais velha, de 13 anos, nascida do primeiro casamento, Anita, a do meio, de 4, e Julieta, a caçula, de 2. Lígia participa do curta. Anita também tinha uma cena, mas ela caiu na edição final. O paizão já conseguiu uma exibição do filme para a filhota, para evitar que ela se decepcionasse em Tiradentes. Cadê minha cena? O gato comeu…

Anita, além de tudo, é cinéfila. “Basta ver a caixa que ela já pede para a gente colocar o DVD…” Desde garoto Marat conta que era ‘meio’ exibicionista. Gostava de aparecer, mas era para se compensar da timidez. Começou a representar num grupo amador no Colégio São Luiz. Ia fazer direito, que era o sonho da família, mas se profissionalizou antes, como ator. Fez a Escola de Arte Dramática na USP e, para o próprio prazer, também cursou literatura. Em 2007, foi premiado pelo espetáculo Primeiro Amor. “Morria de vontade de fazer filmes, mas também tinha muito medo da câmera”, lembra. Vencido o medo, não parou mais, somando novelas, peças e filmes. Já contracenou com monstros sagrados – Cleyde Yáconis e Antônio Petrin, no curta Fale Comigo Agora, em que sustenta a decadente família quatrocentona fazendo shows de travestis. Mas também já interpretou personagens mais tradicionais, como Licurgo Cambará, no épico intimista O Tempo e o Vento, que Jayme Monjardim adaptou do romance cíclico de Erico Verissimo.

Em Quando Eu Era Vivo, retoma a parceria com seu diretor em Trabalhar Cansa, Marco Dutra. “Além de talentoso, o Marco é muito legal. A gente tem uma sintonia tão grande que ele nem precisa me dirigir muito. Em geral, já antecipo o que ele quer.” Ele elogia discretamente, para não ferir a suscetibilidade dos demais diretores com quem filmou. A carreira tomou fôlego a partir de Os Inquilinos, de Sergio Bianchi, em 2009. Marat especializou-se em criar personagens complexos. E como ele faz isso? Seu segredo – mais é menos, menos é mais. “Procuro não exagerar, sempre.” O cinema de Marco Dutra tem uma pegada de gênero. “Mas Trabalhar Cansa era mais social. Quando Eu Era Vivo é mais psicológico. Acho que vai surpreender.”

O filme estreia em 30 de janeiro. Marat contracena com Antonio Fagundes e Sandy. “O Fagundes nem se lembrava, mas no set contei pra ele que foi um dos meus ídolos. Me despertou o desejo de virar ator. Ele morava no mesmo prédio de um colega de aula. Um dia, cruzamos no prédio e eu tomei coragem. Lhe pedi autógrafo, que ele deu, num bloco de anotações do colégio. Procurei para mostrar, mas não encontrei.” Sobre Sandy, só tem elogios – “Ela é superprofissional. Faz uma estudante de música, tem até uma cena em que canta, mas é uma Sandy diferente da que o público está acostumado a ver.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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