Mar Adentro, um filme para pensar

Perturbador. Polêmico. Instigante. Esses são os melhores predicados para classificar o filme Mar Adentro, dirigido pelo cineasta espanhol Alejandro Amenábar (Abra os Olhos e Os Outros). Amenábar traz até nós a história (verídica) de Rámon Sampedro (Javier Barden), um homem que sofreu um acidente na juventude que o deixou tetraplégico. Para Sampedro, a vida perdeu o sentido e, desde o mergulho que lhe causou essa limitação, ele só busca um desejo: a morte.

Entretanto, a sociedade ainda não está pronta para aceitar essa idéia de eutanásia e vem negando, com veemência, o seu ?pedido de suicídio?, ou, como prega o personagem, o direito do livre arbítrio.

O diretor consegue explorar bem toda a angústia de Sampedro. Preso a uma cama, sem poder mover um dedo sequer, o personagem sofre com uma vida limitada, em que o mais simples dos atos necessita da ajuda de alguma pessoa, privando-o de seu maior tesouro: a liberdade. Como ele diz, em um determinado momento, ?andar dois metros para um homem normal é algo comum, mas para mim é uma viagem impossível?.

Todo esse sofrimento do protagonista acaba se transferindo aos espectadores. É impossível manter-se neutro com a história de Sampedro, e faz com que façamos rever, ou pelo menos indagar, alguns conceitos impostos pela sociedade. Talvez, esse seja o real objetivo de Amenábar: fazer com que tivéssemos o que pensar após sair da sala de exibição.

Em tempos em que o cinema valoriza apenas os efeitos especiais em detrimento da história, é interessante contar com filmes como Mar Adentro, que se preocupa em nos contar algo em vez de nos mostrar os mais mirabolantes truques de computador. Para quem gosta desse tipo de filme, vale a pena dar uma conferida.

Flávio Laginski é jornalista do Paraná ?Online.

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