Nunca editado no Brasil e pouco conhecido por aqui, o jornalista e escritor português Manuel António Pina é o vencedor do Prêmio Camões 2011, o mais destacado da língua portuguesa. Ele foi escolhido por um júri formado por dois brasileiros, dois portugueses, um angolano e um são-tomense (das ilhas africanas de São Tomé e Príncipe). Eles se reuniram uma única vez, por meia hora, ontem, na Biblioteca Nacional, no Rio.
“É a coisa mais inesperada que poderia acontecer. Nem sabia que estava hoje a ser discutida a atribuição do prêmio”, declarou Pina ao Jornal de Notícias, no qual publica crônicas diárias, logo que foi informado.
O prêmio, de 100 mil euros, é pago pelos governos do Brasil e de Portugal, que o instituíram em 1988. De lá para cá, foram laureados dez portugueses (com Pina), nove brasileiros (os últimos foram Lygia Fagundes Telles, João Ubaldo Ribeiro e, ano passado, Ferreira Gullar), um moçambicano, um cabo-verdiano e dois angolanos.
Manuel António Pina nasceu na província de Beira Alta, no norte de seu país, e se formou advogado antes de começar a trabalhar como jornalista – em jornal, rádio e televisão. Tem 67 anos e grande prestígio, sendo reconhecido principalmente por seu lado cronista.
Sua obra – “acessível e ao mesmo tempo de grande complexidade”, nas palavras do jurado português Abel Batista, pesquisador especializado nas literaturas brasileira e portuguesa – é composta por mais de 40 títulos. É poeta, autor de livros infantis utilizados em escolas e tradutor. Alguns foram adaptados para o teatro e inspiraram programas de TV.
Pina já havia sido premiado anteriormente, dentro e fora de casa. Já foi traduzido para o inglês, alemão, espanhol, holandês e russo. Seus livros saem atualmente pela editora portuguesa Assírio & Alvim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Vencedores
1995 – José Saramago (Portugal)
1996 – Eduardo Lourenço (Portugal)
1997 – Pepetela (Angola)
1998 – Antonio Candido
1999 – Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal)
2000 – Autran Dourado
2001 – Eugénio de Andrade (Portugal)
2002 – Maria Velho da Costa (Portugal)
2003 – Rubem Fonseca
2004 – Agustina Bessa-Luís (Portugal)
2005 – Lygia Fagundes Telles
2006 – Luandino Vieira (Angola)
2007 – António Lobo Antunes (Portugal)
2008 – João Ubaldo Ribeiro
2009 – Arménio Vieira (Cabo Verde)
2010 – Ferreira Gullar