Das periferias do extremo sul de São Paulo, saíram dois dos nomes mais importantes do rap nacional. Dos esquecidos bairros do Capão Redondo e do Grajaú, Mano Brown e Criolo brilharam. Ícones de diferentes gerações do gênero musical, ambos se tornaram símbolos de resistência. Resistência contra um sistema muitas vezes injusto, cruel e opressor de pretos e pobres.

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Em 1997, quando Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay, dos Racionais MC’s, lançaram o emblemático Sobrevivendo No Inferno, o Brasil dirigiu finalmente seus olhares conservadores e elitizados para a periferia. Era, portanto, a primeira vez em algumas boas décadas que o País dava voz àquela gente esquecida. As 12 faixas do disco contestavam uma sociedade injusta, relatando um cotidiano cruel, porém real. A música dos anos 1990 nunca mais seria a mesma depois dos Racionais.

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Quase 15 anos depois do estouro de Brown e sua trupe, Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, chegou ao topo. Nascido e criado no Grajaú e prestes a desistir da música, o rapper compôs os versos doces e melancólicos de Não Existe Amor em SP, que fizeram todo mundo repensar os tempos sombrios que vivíamos. Nó Na Orelha (2011) flertou com o samba, o rap e o eletrônico. Criolo, então, explodiu e levou o rap novamente ao centro das atenções.

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Parte dessa história poderá ser vista nesta sexta-feira, 15, no Espaço das Américas, na zona oeste de São Paulo, quando Mano Brown e Criolo subirão ao palco juntos para um dos shows mais aguardados de 2018. “É a celebração de pessoas que não desistiram de suas vidas. Vamos celebrar uma história e mostrar para o jovem que é possível vencer. Dividir o palco com o Brown representa a minha essência. São as minhas raízes. O Brown é um pedaço da história da música brasileira, algo muito forte para mim”, diz Criolo.

“Tem o outro lado da coisa, que é a representatividade do Brown e do Criolo juntos. Justamente pelo momento político que o País atravessa, sabemos o que as pessoas esperam da gente, como homem, artista e rapper. O rap tem esse lado político mais aflorado. O lado político é o que sustenta o rap. Eles esperam da gente uma postura combativa. Precisamos lutar pelo momento de celebrar”, complementa Mano Brown.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.