Mangue, periferia e orla

Curitiba recebe esta semana três artistas consagrados em três estilos musicais diferentes: amanhã o pernambucano Otto, ex-Mundo Livre S/A, deixa os engarrafamentos do Rio de Janeiro para se apresentar pela primeira vez em Curitiba, no Era Só o Que Faltava; no mesmo dia, das 19h às 20h30, o rapper paulistano Xis estará na Drop Dead do Shopping Mueller para uma sessão de autógrafos, divulgando a apresentação de sexta-feira no Moinho São Roque, e a mesma casa recebe Djavan no sábado, a partir das 22h, com o show Milagreiro.

Premiado em março pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) por seu mais recente CD – Condom Black (melhor disco de 2001) – Otto era “perseguido” por Odilon Merlin, proprietário do Era Só o Que Faltava, havia pelo menos quatro anos.

O show de amanhã apresenta a salada muito bem temperada de Condom Black, que reúne candomblé, samba, rock, jovem guarda, bossa e eletrônica no mesmo caldeirão proveninente do mangue beat. “Trata-se um atalho cultural para conhecer nosso país e suas múltiplas referências musicais”, define o cantor e compositor.

Ao contrário dos shows do primeiro disco, Samba pra Burro, nos quais se apresentava com músicos contratados e bases pré-gravadas, Otto montou uma banda fixa. “Agora tenho um grupo unido, coeso, que me permite improvisar mais. Dessa vez o eletrônico está a serviço da banda. O show será mais vivo e movimentado”, garante.

No repertório, estão o “sambinha ensolarado, flerte de bossa nova e jazz de feira” (nas palavras do crítico Xico Sá) Dias de Janeiro, o pop de alto nível da “road-balada” Pelo Engarrafamento e o samba Armadura e Hemodiálise, que lembra a tragédia da saúde no Brasil, entre outras. Também não devem faltar a desbocada faixa-título Condom Black e a bela Londres. Do trabalho anterior foram escolhidas Bob, Low e O Celular de Naná. Otto (voz e pandeiro) é acompanhado por Daniel Ganjaman Takara (guitarra e teclados), Fernando Ary (guitarra e teclados), Mario Gildo (baixo), Maurício Takara (bateria), Marcos Axé (percussão), Male (percussão) e Zé Gonzalez (DJ).

Xis no Moinho

Depois da polêmica participação na Casa dos Artistas 2, o rapper Xis chega em Curitiba para promover o seu segundo CD – Fortificando a Desobediência, lançado pela WEA este ano. “É um disco de que gosto muito. Minha mensagem nele é liberdade de expressão, de opção…”, resume o rapper. “No fundo acho que ele serve como desabafo de certa parte da sociedade brasileira”, completa.

A banda que o acompanha nesta turnê é formada por: Tamina, ex-percussionista de Cássia Eller, Reginaldo, do Funk Como Le Gusta, no trumpete, DJ Cia (RZO), DJ King, MCS Deconceito, DaBanditi e violão acústico. Com produções de Zé González (Planet Hemp, D2), KL Jay (Racionais) e outros, Xis continua “ligado no procedê” e rimando em cima de bases bastante originais.

Fortificando a Desobediência passeia do jazz ao soul dos anos 70, passando pelo rock e pela música cubana, com metais e percussão como pano de fundo para a verve latina dos “rappeiros” que Xis apresenta na faixa título. Ainda experimenta novos estilos como dum’n’bass, bem explícito na música Chapa o Coco, uma surpresa para os fãs mais ortodoxos.

Milagreiro

Para fechar a semana, depois do hip hop de Xis, o Moinho São Roque recebe ninguém menos que Djavan. Acompanhado por dois de seus filhos – Max Viana (guitarra) e João Viana (bateria) -, mais Renato Fonseca (teclados) e Sergio Carvalho (baixo), o cantor e compositor alagoano mostra pela primeira vez num palco de Curitiba o repertório do CD Milagreiro, produzido por ele e lançado em dezembro pela Sony, e definido pela crítica como um dos melhores registros da sua carreira.

O disco indica uma reconciliação com a Maceió natal, com as origens e o passado, como na faixa Farinha, em que Djavan canta que “farinha boa é aquela que a mãe me manda de Maceió”. Idolatrado no Brasil inteiro, Djavan costumava não ter uma relação muito boa com os conterrâneos de Alagoas, supostamente por ter se declarado recifense nos primeiros festivais que participou, nos anos 60.

Além de Farinha, da faixa-título e de Cair em Si, do novo CD, o repertório certamente trará os megassucessos, como Eu te devoro, Se… e Linha do Equador, entre tantos outros.

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Otto – Condom Black

Amanhã, a partir das 23h, no Era Só o Que Faltava (Av. República Argentina, 1334 – Vila Izabel). Ingressos antecipados a R$ 15 (na hora outro preço). Tarde de autógrafos às 19h nas Livrarias Curitiba do Shopping Estação.

Xis – Foritificando a Desobediência

Sexta-feira, a partir das 22h30, no Moinho São Roque (Av. Desembargador Westphalen, 4000). Ingressos antecipados a R$ 10 nas lojas Drop Dead, e R$ 15 na hora. Abertura com DJ Primo.

Djavan – Milagreiro

Sábado, a partir das 22h, no Moinho São Roque. Ingressos a R$30 (preço único) nas lojas Armazém do CD e Holt Zutto.

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