Grande parte dos filmes indicados para o Oscar – ao menos, nas principais categorias – já pode ser vista nos cinemas – com exceção de Sniper Americano, que estreia no dia 19, e Para Sempre Alice, previsto só para 12 de março. E também em DVD, casos de Garota Exemplar e O Grande Hotel Budapeste. E se o melhor filme do Oscar 2015 não for o provável vencedor na madrugada do dia 23 (horário do Brasil, nos EUA ainda será 22), Birdman, de Alejandro González-Iñárritu, nem O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson? Birdman ganhou o prêmio do sindicato dos produtores e, nos últimos 24 anos, só sete vencedores do Producer’s Guild não receberam a estatueta da Academia.

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Mesmo contando que O Grande Hotel e Boyhood – Da Infância à Juventude, de Richard Linklater, receberam os Globos de Ouro de comédia e drama, há um filme melhor que os três, e é O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum, que entrou nessa quinta, 5, nos cinemas brasileiros, com Selma, de Ava DuVernay, outro finalista para melhor filme. Pelos indicadores, Eddie Redmayne, que venceu o Globo de Ouro de drama e o prêmio do sindicato dos atores, parece imbatível na disputa pela melhor interpretação masculina, mas, acredite, você vai vacilar depois de ver O Jogo da Imitação. Benedict Cumberbatch é genial como Alan Turing, o matemático inglês que inventou… o computador.

São duas biopics, a de James Marsh sobre o astrofísico Stephen Hawking e a de Tildum sobre Turing. Aparentemente, o filme de Tildum é sobre o esforço de um grupo liderado por um cara genial para quebrar o código de comunicação dos nazistas. Um letreiro no final do filme informa que a quebra do código abreviou o fim da 2.ª Guerra em dois anos e poupou cerca de 12 milhões de vidas. Embora tudo isso seja verdade e esteja em O Jogo da Imitação, o filme de Tildum é sobre o direito à diferença. Foi por ser diferente que Turing chegou à conclusão de que as pessoas pensam diferente, e se isso ocorre é porque seu cérebro age diferente. Delirando em cima desse princípio, ele criou uma máquina para pensar rápido, e destruir o código. O problema é que era um homossexual enrustido e a Inglaterra, até os anos 1960, tinha leis muito rígidas sobre o assunto.

Faltam pouco mais de duas semanas para a premiação da Academia. Até lá, as bolsas de apostas vão permitir uma apreciação mais serena (racional?) das chances de todos os candidatos, embora sempre exista o fator surpresa que faz com que muita barbada vire zebra. Todos eles estão em circuito comercial. O Grande Hotel, de volta aos cinemas (Bela Artes), já saiu até em DVD. Dos oito indicados falta somente o Clint Eastwood, American Sniper. Clint, que já venceu duas vezes o prêmio de direção – por Os Imperdoáveis e Menina de Ouro -, desta vez sequer foi indicado. Morten Tyldum foi, e é a estreia do diretor norueguês em Hollywood. Seu passaporte foi Headhunters, filme que tem muito a ver com O Jogo da Imitação, sobre um recrutador de talentos que vive acima de suas posses e vira ladrão de arte. O personagem de Tyldum sempre esconde sua natureza, seus dons.

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Curioso esse Oscar. Embora tenha oito indicados para melhor filme, são apenas cinco diretores que concorrem ao prêmio da categoria. Um deles é Bennett Miller, que cravou uma indicação para melhor roteirista, mas não melhor diretor, por Foxcatcher – Uma História Que Chocou o Mundo. Se você é do time que não aprecia muito Foxcatcher – muita gente não gosta -, preste atenção no que diz o Cahiers du Cinéma, bíblia do cinema autoral. Segundo a publicação, Foxcatcher é ‘um filme majestoso e de amplidão considerável’. É muito mais que Cahiers escreveu sobre os demais finalistas. Dos cinco indicados para filme estrangeiro, quatro estão em cartaz. O provável vencedor, o russo Leviatã, o polonês Ida, o argentino Relatos Selvagens e o africano Timbuktu. Falta o representante da, Estônia, Tangerines, mas nada indica que será o vitorioso.

Como sempre, e a despeito do que dizem os críticos, o prêmio da Academia segue sendo o troféu mais disputado do mundo. O caso de filme estrangeiro, que a Argentina já ganhou duas vezes – por A História Oficial, de Luis Puenzo, e O Segredo de Seus Olhos, de Juan José Campanella -, contra nenhuma do Brasil, representa um grito entalado na garganta dos brasileiros, que vivem uma eterna disputa (esportiva?) com os vizinhos do Prata. Desta vez, malgrado as surpresas, é difícil que os argentinos consigam fazer 3 a 0. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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