Segunda-feira à tarde, uma suíte do Copacabana Palace. O tempo passa e o Copa segue sendo o hotel mítico do Brasil. Desde os anos 1940 e 1950, por ali passaram astros e estrelas, a fina flor de Hollywood e da política internacional. Que outro lugar melhor para entrevistar Sidney Magal? Como o próprio hotel, ele não perde o brilho. “Estou em todas!” – ele abre os braços e a camisa aberta no peito revela o colar de ouro.
Não é o medalhão com pingente em formato de M que usa o vilão de “Meu Malvado Favorito 2” – El Macho -, mas quase. “Tinha de ser eu para fazer a dublagem. Até ele (o personagem) quer o Magal.”
Na quarta, 3, à noite, de volta a São Paulo, o repórter vai rever “Minha Mãe É Uma Peça” na sessão das 22 horas no Shopping Bourbon. Às 20h30, não existem mais ingressos para a sessão que vai começar dentro de uma hora e meia. A projeção vira uma festa. Quando Suely Franco – a ‘tia’ – dança ao som de Sandra Rosa Madalena, o cinema quase vem abaixo. E quando, no fim, com as imagens da ‘inspiradora’ de Minha Mãe É Uma Peça – a mãe do ator/autor Paulo Gustavo -, Magal irrompe de novo na trilha com sua cigana, a mulher com quem vive a sonhar, ocorre o que é raro em sessões, digamos, normais de cinema. Em festivais ou em presença da equipe, tudo bem. Mas aplausos, e dos mais intensos, no fim de uma sessão qualquer? Mérito do filme, mas também de Sidney Magal.
Ele comemora. “É um orgulho muito grande saber que 35 anos depois a música é lembrada e cantada por todos, mas saber que a minha música proporciona sempre momentos de alegria e descontração é ainda muito melhor. É sempre bom saber que o trabalho da gente se mantém atual em todas as gerações.” Alegria e descontração são indissociáveis da persona de Sidney Magal e, nesta segunda-feira (no dia 1º), ele está um pouco rouco. Vai logo dizendo que não é nenhum problema com a voz, mas excesso de ontem (domingo, 30), “porque me arrebentei vibrando com a vitória da seleção”.
Ele admite que não se cuida. Toma gelado antes dos shows, e por conta disso Cauby (Peixoto) vive lhe passando o pito. Magal imita o lendário intérprete de Conceição. “Magal, meu querido, cuida dessa garganta porque não é só um dom. É o nosso sustento.” Magal viaja no tempo – agradece à mãe, que foi quem o incentivou a cantar. Ele cantava por prazer, em alguns locais da periferia do Rio. Por ele, já estaria bom, mas ficou melhor. “Tive um empresário que queria ser cantor, mas não conseguiu. Foi ele quem esculpiu para mim a imagem de galã latino. Pegou três nomes comuns de mulheres em toda América Latina, Sandra, Rosa e Madalena, e fez uma música. Estourei.”
Tamanho sucesso fez dele um mito e Magal jura que já encontrou fãs que lhe mostraram o RG para provar que se chamam Sandra Rosa Madalena. Ele não resiste – “Se f…”, diz, e faz o gesto característico, batendo com a palma da mão no punho fechado. Seria grosseiro, mas é Magal – e ele pode. Ser showman é natural para ele, mas o astro revela que seu sonho sempre foi outro. “Desde criança, quando me perguntavam o que queria ser quando adulto, nunca pensei numa carreira. Meu sonho era ser pai.”
Como? “É, ser pai. Realizei meu sonho – tenho três filhos maravilhosos. São o orgulho da minha vida.” Mas ele sabe que deve muito às suas ciganas. Conta uma história. “Estava em Salvador, no alto do trio elétrico de Ivete Sangalo. Disse pra ela : ‘Quer ver? E puxei ‘Quero vê-la sorrir/Quero vê-la cantar/Quero ver o seu corpo dançar sem parar’ e estendi o microfone para a multidão. O público cantou a música inteira e a Ivete me disse: ‘Vixe, home, quem me dera daqui a dez anos esse povo ainda saber uma música minha, que dirá daqui a 30 e tantos?’
É sempre assim com Sandra Rosa Madalena.” Um pouco mais tarde, uma repórter de TV lhe pede que dê uma palinha e cante um pedaço de Sandra Rosa. Ele cede – e o corredor do Copa se enche de gente para ouvi-lo.
MEU MALVADO FAVORITO 2 – Título original: Despicable Me 2. Direção: Pierre Coffin e Chris Renaud. Gênero: Animação (EUA/2013, 98 min.). Classificação: Livre.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.