Vale tudo na hora de assistir aos jogos da Copa do Mundo de 2002. Como as partidas são transmitidas no Brasil durante a madrugada e no início da manhã devido à diferença de 12 h no fuso horário da Coréia do Sul e do Japão, países-sedes da tradicional competição, os profissionais ligados à televisão armam os próprios “planos táticos” para assistir aos confrontos entre as seleções mundiais.
Uma coisa é certa: se a maioria já tem de fazer uma “ginástica” para acompanhar as partidas da própria Seleção Brasileira, assistir aos jogos que envolvem outros países é só para quem gosta mesmo de futebol.
Mesmo assim, o risco do “sacrifício” é bem grande. “Só acordei para assistir a uma partida que não estava o Brasil: França x Uruguai. Mas acabou zero a zero e decidi que agora só acordo para ver o Brasil. Não dá para pular da cama de madrugada e ver um empate sem gols”, revolta-se o ator Caio Blat, que vive o Matheus em “Coração de Estudante”.
Nesta Copa, no entanto, o grande aliado para quem quer ver os jogos é, sem dúvida, o despertador. Principalmente para aqueles que, habitualmente, já vão para a cama tarde da madrugada. Este é o caso de Serginho Groisman. O apresentador do “Altas Horas”, da Globo, consegue ficar acordado para ver os jogos das 3:30 h. Mas bolou um esquema para não perder os confrontos que passam posteriormente. “Gravo no vídeo e, logo que acordo, assisto. Mas sem saber o resultado que é para dar mais emoção. Acho que é uma boa tática”, brinca o notívago Serginho. A “casseta” Maria Paula e o ator Eri Johnson também apelam para o despertador na hora de assistir aos jogos da Copa. Mas, ao contrário de Serginho, só arriscam acordar para ver as partidas da Seleção Brasileira. “Além do Brasil, o único time que me faz abrir os olhos é o Senegal. Adoro ver os jogadores tirando a camisa na hora do gol”, entrega Maria Paula que, assim como Eri Johnson, precisa lutar contra o sono que sente o dia inteiro após madrugar vendo a Copa do Mundo. “O motivo para acordar de madrugada e ver o Brasil na Copa só pode ser o patriotismo. Não tem outra explicação”, acredita o ator.
Outro tipo de espectador na Copa do Mundo são os “caroneiros”. Aqueles que só despertam para assistir aos jogos porque outras pessoas da família, como namorado, esposa ou filhos, fazem barulho suficiente para acordá-los. É o caso, por exemplo, do VJ da MTV, Cazé Pecini, e da atriz de “Malhação”, Rafaella Mandelli. Os dois filhos e a enteada de Cazé, na verdade, servem como o “alarme” do apresentador da MTV. Só com a bagunça da molecada, o notívago Cazé, que não vai dormir antes das 2 da madrugada, acorda para assistir aos jogos do Brasil. “Tem de ser muito teimoso para acompanhar esta Copa. Além da criançada, a minha mulher se interessa mais pela Copa do que eu. Não tem como não acordar”, resmunga Cazé, que assume ser melhor no jogo de botão do que no futebol. Já Rafaella Mandelli só desperta porque o namorado e ator Marcelo Serrado acompanha praticamente todas as partidas da competição. “Com isso, vejo não só os jogos do Brasil, como os da maioria das seleções”, conforma-se a atriz.
Mas existem artistas também que só vão fazer o sacrifício de madrugar para ver os jogos do Brasil a partir das oitavas-de-final. A atriz Rita Guedes decidiu tirar da cabeça a Copa do Mundo, já que não consegue ficar acordada durante a madrugada. Já a apresentadora Daniela Monteiro, que comanda o quadro “Caminhos da Aventura”, no “Esporte Espetacular”, resolveu que iria dar prioridade à sua faculdade de jornalismo e não cair na tentação de assistir às partidas do Brasil na fase de classificação para não faltar as aulas. “Quem perde nas oitavas é eliminado e, por isso, vou vibrar mais nestes jogos. Aí, sim, vale a pena torcer pelo Brasil”, justifica Daniela. Acordada pelo barulho da vizinhança, a atriz Dercy Gonçalves acaba perdendo o sono e ligando a televisão. “Mas, até agora, só vi pelada do Brasil. Os jogadores não jogam, chutam a bola. Queria ver um puta jogo, mas tá difícil”, reclama Dercy, com a sabedoria dos seus 92 anos.