Vinda da pequena Canton, Ohio, residente em Los Angeles, solta no mundo com sua música, Macy Gray tem consciência de que os norte-americanos tendem a olhar para dentro e alienar o entorno. Doze anos depois de estrear no mundo dos hits, sua voz rouca viaja Europa, Ásia e Oceania, e suas experiências são compartilhadas na internet. Recém-chegada da África, onde debutou, ela canta amanhã no Rio – é a principal atração da noite de abertura do festival Back2Black.
“Eu estou no mundo todo. Sendo dos Estados Unidos, é fácil pensar que este é o único lugar do planeta, que você não precisa conhecer mais nada”, diz, com naturalidade, de casa. “Mas tem tanta coisa para se conhecer! A música me permitiu fazer isso. Tenho muita sorte de ter minha própria estrada.” Em julho, ela passou por festivais de blues e jazz em Angola, na Holanda, Suíça, Turquia e Geórgia, com os três filhos adolescentes a acompanhá-la.
“The Sellout”, lançado há pouco mais de um ano, é o quinto disco de estúdio da cantora. Puxado pela edificante “Beauty In The World”, tem cores tão distintas quanto a participação da jovem Romika (na sofrida “Still Hurts”), o hard rock do Velvet Revolver (“Kissed It”) e o romantismo trazido pela estrela do R&B Bobby Brown – o dueto fofo dos dois em “Real Love”.
Dona de dois Grammys, Macy já vendeu 15 milhões de discos. Nenhuma música se equiparou ao primeiro sucesso, “I Try”, de “On How Life Is” (1999). Na internet, Macy confessa que depois do fracasso do último CD, “Big” (2007), resolveu seguir o que todos estavam fazendo: contratar um produtor bombado, chamar compositores estourados, ficar magrinha para as fotos. “Mas ninguém retornou minhas ligações.”
Parou de ouvir os outros, voltando-se a si mesma. Deprimida, fez letras que expressavam seus sentimentos íntimos. Sarou com a ajuda das crianças, e o sorriso se reabriu. “Ficou um álbum incrível. Ainda não foi tão ouvido quanto eu gostaria. Tudo que posso fazer é falar de onde estou nesse momento da minha vida, na minha carreira, não posso ir pela opinião dos outros”, conta. No momento, trabalha em três CDs simultaneamente: um com dez covers, que deve ser lançado em fevereiro, um remake (faz segredo quanto ao original) e um de inéditas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Back2Black – Estação Leopoldina (Av. Francisco Bicalho, s/nº, Rio de Janeiro). 6ª, 20h; sáb., 20h30; dom., 18h30. R$ 100/ R$ 250.