Dizer que tudo pode acontecer num programa de tevê ao vivo pode até ser lugar-comum, mas não é exagero. Falham a voz, a memória, o videoteipe, tudo isso ao mesmo tempo… E estas são só as situações mais comuns. Há ainda escadas que despencam, panelas que pegam fogo e até apresentadores perdidos num labirinto de estúdios. Poucos negam o inconfundível friozinho na barriga.
Fã das aparições ao vivo desde os tempos de repórter, Glória Maria ainda fica com as mãos frias ao apresentar o Fantástico. "Estamos sempre no fio da navalha. Trinco até o último segundo. Só consigo respirar ao dizer a primeira palavra", tenta descrever.
Quando cobria a apuração do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, Glória quase foi atingida por um microfone na cabeça. Tudo porque invadiu um palanque para entrevistar o diretor de uma agremiação. "É sempre um risco, mas preciso disso para viver", pondera a jornalista. Ao contrário de Glória, Ana Maria Braga já consegue se sentir mais à vontade no Mais Você. E isso apesar de já ter enfrentado situações bem mais quentes. Como uma panela com gordura fervendo que pegou fogo e provocou labaredas de dois metros no estúdio. "Passado o susto, só me restou rir. Chorar não adianta", diverte-se a apresentadora, que já teve de chamar os comerciais depois de derramar um jarro cheio de licor de menta no Louro José. "Achei que fosse água, mas não era. Aquilo foi grudando nele, em mim, tivemos um acesso de riso e saímos do ar", lembra, às gargalhadas.
A maioria dos apresentadores faz coro ao afirmar que, nestes casos, rir é sempre o melhor remédio. Paulo Henrique Amorim ainda tentou disfarçar quando uma escada despencou em cima de sua perna numa passagem dos estúdios do Tudo a Ver para o Show do Tom, que estreava na Record. Mas Tom Cavalcante, seu entrevistado, não perdoou. "Eu nem olhei para trás. Mas o Tom soltou: ‘ O amigo acaba de escapar da morte’, lembra Paulo Henrique. Mais sorte teve Ana Paula Padrão. Ela era repórter em Brasília quando apresentou pela primeira vez o Jornal Hoje. Sem conhecer o prédio da emissora, no Rio de Janeiro, se perdeu no caminho entre a redação e o estúdio, a quinze minutos do início do telejornal. Mas o público não teve chance de imaginar a saga. "Aos sábados era um deserto lá. Quando faltavam cinco minutos, já estava desesperada e alguém me encontrou. Foi o tempo de pendurar o microfone, com o fio aparecendo mesmo, e começar", conta, bem-humorada.
Se não chegasse a tempo, Ana Paula não teria como brincar com a situação. Já Viviane Romanelli, do Dia Dia, da Band, é conhecida por rir de seus próprios desastres desde a época do canal de vendas Shoptime. "Sou atolada, derrubo mesmo as coisas", ressalta Viviane, que já tomou um banho de creme de leite no ar e molhou dos pés à cabeça um entrevistado ao apertar com muita força o pedal que aciona a torneira do estúdio. Olga Bongiovanni, que comanda na Rede TV! o Bom Dia Mulher e o Sabor & Saúde, também está acostumada aos acidentes domésticos. Ela já explodiu uma berinjela no microondas e derramou um pote de creme para provar sua consistência, tentando repetir o gesto que uma divulgadora fizera dias antes com o produto.