Quem assistiu, no ano passado, ao esplêndido Húmus, com a companhia de Antonio Nóbrega, deve lembrar de Luciano Fagundes, que se destacava pelo fulgor da sua dança. Não à toa, ganhou o Prêmio APCA de bailarino de 2013. Nesta sexta-feira, 8, Luciano estreia Fogo: Festa e Rito, seu segundo solo, no Centro Cultural B_arco.

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A nova criação responde à principal dificuldade que encontrou no seu primeiro solo, Plenilúnio, que não conseguiu circular dada a complexidade de seu aparato técnico. “Como dependia de uma estrutura grande de cenário, complicada para ser transportada, busquei outra opção, mais centrada na necessidade que tenho de mostrar o meu fazer.”

A chance de uma ocupação oferecida pelo B_arco casou bem com seu desejo. Conta que foi quando se apresentou lá em uma obra de Beth Bastus, Pequenos Humores, em 2011, que sentiu despertar seu interesse por uma ocupação. “Exploro a adaptação a diversas configurações de espaço. O público vai me acompanhando e juntos vamos ocupando esses espaços.”

Fogo reúne trechos de outros espetáculos nos quais atuou. “Trago danças de Húmus e Plenilúnio e a diferença está no modo como agora elas se põem no espaço, regidas por essa necessidade de me adaptar às condições que se apresentarem.”

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Luciano trabalha com Nóbrega desde que se transferiu para São Paulo, em 2000, vindo de Curitiba. “Embora cante, fale, atue, porque os artistas populares são assim, a linguagem principal dessa ocupação é o corpo e todas as questões das tradições populares. Também convidei dois músicos para essa ocasião, Rogério Fagundes, meu irmão, que toca violino, e o percussionista Gilberto Rodrigues.”

Luciano Fagundes estudou piano até o primeiro ano superior, no Conservatório

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Musical. A dança começou entre 12 e 13 anos, com a capoeira e, três anos depois, expandiu-se com os artistas populares Antonio Nóbrega e Rosane Almeida.

Aos 20, iniciou-se no balé com Zélia Monteiro e Beth Bastos. “Minha formação em artes foi diversificada, porque também estudei percussão e, em 2000, atuei como brincante no Marco do Meio Dia, de Nóbrega. Daí em diante, integrei o Zabumbau, a orquestra de brincantes que ele criou e, infelizmente, não durou muito, e participei de seus espetáculos 9 de Fevereiro e Passo.”

Além de seu trabalho autoral, Luciano continua compondo o grupo de bailarinos que leva adiante a pesquisa que resultou no espetáculo Húmus. “Pretendemos manter a chama dessa pesquisa acesa, junto com o Nóbrega. Queremos continuar e tentamos caminhos que viabilizem isso.”

Fogo: Festa e Rito será apresentado apenas nesta sexta, 8. “Estou fazendo essa apresentação para poder filmar o trabalho e fazê-lo adiante, esperando realizar uma circulação e, assim, me lançar, aqui em São Paulo”, acrescenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.