No terceiro dia da temporada masculina aconteceu o mais aguardado desfile da estação: a estreia do norte-americano Virgil Abloh como diretor artístico do masculino da Louis Vuitton. Foi uma apresentação grandiosa, midiática e reveladora de uma nova era que começa a se desenhar na moda.

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Guardadas as devidas proporções, Virgil é uma espécie de Obama, um fenômeno fashion. Primeiro negro a assumir o comando de uma grife de luxo, é idolatrado por milhões de seguidores nas redes. Além de criar para a Vuitton, tem marca própria (a Off-White, sucesso da moda jovem), é DJ, designer de móveis e artista plástico ( acaba de inaugurar uma mostra na conceituada Gagosian, em Paris). “Ele é o retrato desse criador de hoje”, afirma Sylvain Justum, editor de moda da revista GQ. Um novo tipo feito sob medida para uma nova geração de consumidores.

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Alguns deles estavam na plateia, que teve presenças de amigos de peso, como a empresária Kim Kardashian (113 milhões de seguidores no Instagram) e seu marido, o músico Kanye West (28 milhões no Twitter), além de uma turma de algumas centenas de fãs do designer registrando e transmitindo o desfile em tempo real – uma coisa inédita até então.

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Outro fundamento da hora muito bem representado por Virgil é o streetwear. Na passarela da Vuitton, esse elemento surge na escalação de modelos que privilegia a diversidade de tipos, com negros, latinos, orientais e indianos, e no design de produtos, com muitas peças funcionais, com aplicações generosas de bolsos em calças e coletes usados sobre camisas em versões amplas e joviais. Casacos pesadões aparecem ao lado de peças estampadas com imagens de O Mágico de Oz. Entre os acessórios que devem pavimentar o caminho dos tijolos de ouro desse novo masculino da Vuitton, estão as bolsas e mochilas grandonas, reinterpretações divertidas de baús e malas de viagem antigas, os tênis de skatista e as bolsas coloridas transparentes monogramadas e equipadas com luxuosas correntes de cerâmica.

Uma das características dessa indústria é traduzir o espírito dos nossos tempos. Vem daí um dos méritos desse desfile, dessa nova fase da marca – e da moda. Ame-a ou deixe-a.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.