O cinema brasileiro cresce. Aos trancos e barrancos, com financiamentos públicos – o que pode ser um absurdo, todavia, a indústria está se estabelcendo. Ainda continua difícil captar recursos para produções de longas metragens, afinal os empresários brasileiros não possuem esse conceito de investir em mídia cinematográfica. Talvez porque não traga o retorno imediato da televisão e do rádio. Mas aos poucos, quem sabe, poderemos alcançar os níveis do mercado americano, onde as empresas.

Um filme feito no capricho, pesquisa de vinte anos, reprodução impecável de época, estreou no final de semana em Curitiba. Trata-se de Lost Zweig, o décimo longa-metragem de Sylvio Back, que foi rodado em Petrópolis e no Rio de Janeiro e revive a “vida brasileira” do escritor austríaco Stefan Zweig, autor do famoso livro Brasil, País do Futuro, e de sua mulher, Lotte que, num pacto até hoje cercado de mistério, decidem suicidar-se na semana seguinte ao Carnaval de 1942, qual tinham assistido.

História

Sylvio Back decidiu fazer o filme há vinte anos, quando se familiarizou com a história de Zweig, um famoso intelectual europeu dos anos 30s, que depois de visitar o Brasil, em 1937, decidiu então escolher este País como seu exílio, ao fugir da Alemanha hitleriana. “Afonso Arinos me mostrou o livro Brasil, País do Futuro, original, dedicado pelo Zweig. Eu li, gostei e depois ainda passei a estudar um outro trabalho de Alberto Dines sobre o suicidio de Zweig. Foi então que escrevi o roteiro do filme”, disse Back.

A produção de Back foi das melhores. Detalhes filmados com cuidado e capricho, em locações em Petrópolis e no Rio, com um elenco internacional, encabeçado por uma dupla de intérpretes europeus, o alemão, Rüdiger Vogler, ator preferido de Wim Wenders, e a atriz austríaca Ruth Rieser. Entre os brasileiros, destaques são Renato Borghi (no papel de Getúlio Vargas), Daniel Dantas, Juan Alba, Ana Carbatti, Odilon Wagner, Kiko Mascarenhas, Katia Bronstein e Denise Weinberg.

Como Stefan Zweig, a mulher e amigos eram todos estrangeiros e sempre conversavam em uma segunda língua, além do alemão, Lost Zweig é inteiramente falado em inglês, sendo que será exibido no território nacional com legendas em português.

Reconstituição

Com argumento original de Back e roteiro escrito com o irlandês Nicholas O’Neill, baseado na biografia Morte no Paraíso, de Alberto Dines, Lost Zweig exigiu uma rigorosa reconstituição histórica tanto de ambientes e seleção de locações como dos figurinos, penteados e maquiagem. “A época do filme (década de quarenta) é revivida nos seus menores detalhes, desde modo de falar e a postura cotidiana das pessoas ao resgate de músicas brasileiras e do cancioneiro internacional (Lehár, Marlene Dietrich, etc.)”, diz Back. A composição da trilha sonora original de Lost Zweig está a cargo do maestro e pianista, Guilherme Vergueiro, e do trombonista, Raul de Souza, ambos já com inúmeros CDs solos e em parceria gravados no Brasil e no exterior.

“No filme eu procuro destacar a última semana de Zweig no Brasil, entre o domingo de Carnaval e até a segunda-feira, 9 dias depois. A morte dele não foi um acidente. Foi um gesto pensado, um protesto – deixo claro isso em várias cenas”, conclui Sylvio. Além disso, o diretor é um sujeito preparado, veterano de televisão, onde produziu e dirigiu vários programas Globo Repórter, experiente cineasta, mas acima de tudo, Back é um estudioso de suas histórias. “Stefan Zweig era um judeu-austríaco, que precisava do exílio no Brasil. Alguns dizem que ele escreveu Brasil, País do Futuro, para agradar Getúlio Vargas, o ditador da época. A verdade é que Zweig era um superstar da literatura na época, viajava pelo mundo, proferindo palestras e divulgando seus livros. Ele gostou muito dos brasileiros, da amizade, da alegria, que ele não via em nenhuma outra parte”, conta Sylvio Back com entusiasmo.

Lost Zweig, teve um custo final em torno de cinco milhões de reais, é uma co-produção da Usina de Kyno com a Labo Cine do Brasil, Estúdios Mega/Tibet Filme, TV Cultura de São Paulo, Quanta, Calla Productions (EUA) e Riofilme. O cineasta e produtor Andrew Hood, da Alemanha, que nas filmagens atuou como diretor assistente e “dialogue coach”, é o produtor associado do filme. As vendas internacionais estão a cargo do Grupo Novo de Cinema e TV. Através das leis do Audiovisual e Rouanet, são patrocinadores do filme: Banespa, BCN, Bndes, BR Distribuidora, Copel, Eletrobrás, Finep, Sanepar e TV Cultura de São Paulo. A produção recebeu apoio da Fundação Cultural Petrópolis

Biobibliofilmografia de Sylvio Back

Sylvio Back é cineasta, poeta e escritor. Filho de imigrantes húngaro e alemão, é natural de Blumenau (SC). Ex-jornalista e crítico de cinema, autodidata, inicia-se na direção cinematográfica em 1962, tendo realizado e produzido até hoje trinta e seis filmes – entre curtas, médias e dez longas-metragens: Lance Maior (1968), A Guerra dos Pelados (1971), Aleluia,Gretchen (1976), Revolução de 30 (1980), República Guarani (1982), Guerra do Brasil (1987), Rádio Auriverde (1991), Yndio do Brasil (1995), Cruz e Sousa – O Poeta do Desterro (1999) e Lost Zweig (2003). Tem editados dezessete livros – entre poesia, ensaios e os argu-mentos/roteiros dos filmes, Lance Maior, Aleluia, Gretchen, República Guarani, Sete Quedas, Vida e Sangue de Polaco, O Auto-Retrato de Bakun, Guerra do Brasil, Rádio Auriverde, Yndio do Brasil, Zweig: A Morte em Cena e Cruz e Sousa – O Poeta do Desterro (tetralíngüe). Obra poética: O Caderno Erótico de Sylvio Back (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, MG, 1986); Moedas de Luz (Max Limonad, SP, 1988); A Vinha do Desejo (Geração Editorial, SP, 1994); Yndio do Brasil (Poemas de Filme) (Nonada, MG, 1995), Boudoir (7Letras, RJ, 1999) e Eurus (7Letras, RJ, 2004).

Com 70 láureas nacionais e internacionais, Sylvio Back é um dos mais premiados cineastas do Brasil.

Prêmios de Lost Zweig

36.º Festival de Brasília/2003

Prêmios “Melhor Atriz” (Ruth Rieser) “Melhor Roteiro” (Sylvio Back e Nicholas O’Neill) “Melhor Direção de Arte” (Bárbara Quadros)

Mostra de cinema deTiradentes Seleção oficial

XXII Festival Cinematográfico Internacional del Uruguay/2004

Seleção oficial

11.º Festival de cinema e Vídeo de Cuiabá/2004

Prêmio “Melhor Fotografia” (Antonio Luiz Mendes)

14.º Cine-Ceará/2004 Prêmios “Melhor Filme” “Melhor Diretor” (Sylvio Back) “Melhor Fotografia” (Antonio Luiz Mendes) “Melhor Trilha Sonora” (Raul de Souza e Guilherme Vergueiro)

80.º Festival de Cinema Judaico/2004

Filme convidado para abertura

Festival Internacional do Rio/2004

Seleção oficial

28.º Mostra Internacional de São Paulo

Seleção oficial

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